A greve dos auditores da Receita Federal está causando atrasos na liberação de cargas no Paraná. A situação está mais complicada na estação aduaneira de Foz do Iguaçu, no oeste do Estado, e no Porto de Paranaguá, no litoral. Em Foz, o pátio da aduana já estava lotado ontem (o local comporta 800 veículos).
No porto, aproximadamente 700 operações para liberação de cargas estavam comprometidas desde ontem. Os auditores estão em greve desde a última terça-feira, em todo o País.
O presidente da delegacia sindical do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) em Foz do Iguaçu, Alfonso Burg, informou que alguns importadores já estão suspendendo o envio de cargas à aduana, o que diminuiu o volume de caminhões aguardando para entrar no pátio, ontem. ?Não há filas na estrada, mas em algum lugar eles estão tendo que aguardar. Seja na empresa, seja no pátio da estação aduaneira. Estamos orientando os importadores, pois nossa intenção não é dar prejuízo a ninguém?, disse Burg.
Apenas cargas consideradas perecíveis e que podem representar algum risco estão sendo liberadas com mais rapidez, como as cargas vivas, alimentos, medicamentos, inflamáveis, explosivos e combustíveis (que representam cerca de 10% do total de carregamentos).
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) no Paraná, 70% dos fiscais paralisaram as atividades. No porto, por exemplo, há cerca de 50 auditores, mas com a greve, apenas 14 estão trabalhando. A estação aduaneira de Foz, onde normalmente atuam 12 fiscais, está operando com apenas quatro. De acordo com o presidente do Unafisco no Paraná, Norberto Sampaio, até agora o governo federal não sinalizou com nenhuma proposta que pudesse colocar fim na paralisação. ?Agora, ou o importador pára de enviar cargas ou as filas na estrada serão inevitáveis?, afirmou Sampaio.
Um dos principais motivos da greve é a intenção do governo federal de retirar algumas atribuições do auditor, passando-as para outras autoridades, como os delegados, por exemplo. Desta forma, haveria a concentração do poder nas mãos de uma única pessoa, o que, segundo Sampaio, pode ser prejudicial não só para os auditores, mas também para toda a sociedade. ?Com isto pode acontecer dessa pessoa deixar de fiscalizar alguém ou ainda fazer o uso indevido da função como perseguição. Ou seja, a politização do órgão?, afirmou. Além disso, os auditores também brigam por mudanças no piso e no teto salarial, que hoje variam de R$ 7 a R$ 13 mil. Os auditores pedem que os valores sejam de R$ 17 a R$ 22 mil.
No Paraná, a previsão é de acontecer uma nova assembléia da categoria no dia 27 de março. Há no Estado cerca de 800 auditores fiscais. Em todo o País são pelo menos 12 mil. A Receita Federal no Paraná não está se pronunciando sobre a greve.