Para Volks, medidas de restrição ao crédito são corretas

O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, disse hoje que prefere que o mercado automobilístico doméstico cresça 5% ao ano de forma sustentável do que 20% ou 30% em um ano, de forma pontual. Na avaliação dele, as medidas já anunciadas pelo governo federal para restringir a concessão do crédito são corretas. “Outros países da América Latina não cuidam de aspectos como o câmbio e a inflação, porque querem crescer mais rapidamente. Mas um dia ele terão de pagar a conta”, afirmou Schmall, sem informar a quais países se referia, após entrevista em que apresentou a linha de modelos 2012 da marca e o lançamento do novo Jetta.

Schmall disse que apoia “100%” aquilo que o governo está fazendo para controlar a inflação. “Prefiro um crescimento mais sustentável e menor do que um crescimento de dois dígitos com inflação. Só não podemos cair em extremos. As medidas devem ser feitas em etapas, avaliando os resultados”, afirmou o presidente da Volkswagen.

Na avaliação dele, embora as vendas de automóveis no País tenham superado no primeiro trimestre as do mesmo período do ano passado, quando a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ainda estava em vigor, não é possível afirmar que as ações do governo não têm tido efeito. “Acho que a restrição da concessão de crédito com certeza teve impacto. Imaginem como seriam as vendas sem essas medidas”, disse.

De acordo com ele, o Brasil é hoje o segundo maior mercado do grupo Volks no mundo, atrás da China e já na frente da Alemanha. “Nos últimos anos, o crescimento do mercado de automóveis no Brasil foi de cerca de 10% ao ano, mas agora começou a esfriar e voltamos a um dígito”, afirmou Schmall. Segundo ele, porém, o Brasil ainda tem muito potencial para as montadoras. No Brasil, explicou, a média é de um carro para cada seis pessoas, enquanto na Europa, a média é de um carro por pessoa. “Até 2016, devemos chegar a uma média de um carro para cada quatro pessoas”, prevê. Ele alertou para o fato de que o Brasil precisa melhorar a competitividade interna, pois o mercado de veículos continua a crescer acima do patamar de dois dígitos na China, Índia e Rússia.

Competição chinesa

Sobre a entrada de novas marcas da China e da Coreia no mercado brasileiro, Schmall disse que a Volkswagen está preparada para a competição. “Cão que ladra não morde”, afirmou. “Estamos preparados para isso. Os chineses vão entrar com carros mais baratos e nós também teremos carros para esse segmento”, disse, sem citar prazos. “A Volkswagen não é só o Gol. Temos um portfólio de 23 carros no País e os asiáticos vão demorar muito tempo para chegar nesse nível”, acrescentou.

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