O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que o mercado de capitais brasileiro continua tendo os fundamentos necessários para crescer, mas admitiu que fatores como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e uma nova onda de instabilidade política interna podem fazer com que a retomada demore mais a acontecer.

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Segundo Edemir, as perspectivas de uma retomada de operações como as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) vinham lastreadas na percepção de um novo posicionamento mais conservador do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na concessão de financiamentos e da demanda de segmentos como construtoras e empresas do setor elétrico por recursos no médio e longo prazo.

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O quadro classificado por Edemir como motivador antes da eleição da Trump passou a ser incerto, o que pode dificultar o aquecimento do mercado, em especial diante da forte participação do investidor estrangeiro no mercado brasileiro. “O mercado brasileiro ainda não é autossuficiente para poder financiar as empresas, então dependemos do investidor estrangeiro. A eleição do Trump deu uma abalada”, disse após participar de evento e comemoração dos 40 anos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Internamente, o presidente da BM&FBovespa destacou a volta da instabilidade em decorrência do abalo político com a delação da Odebrecht e o episódio envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros. Apesar de afirmar que “o Brasil hoje está como nuvem, em que a cada momento em que se olha para o céu está de um jeito”, Edemir diz que é possível que o mercado de capitais volte a crescer ainda em 2017 se as reformas estruturais – PEC do Teto e Previdência – andarem e houver tranquilidade política para recobrar a confiança do investidor estrangeiro.

“Os fundamentos de crescimento que nós temos no mercado brasileiro não vão desaparecer. O que pode acontecer é você levar um pouquinho mais de tempo para essa grande retomada do mercado”, afirmou. Edemir chegou a estimar que em 2017 o mercado possa voltar ao patamar médio de IPOs de 2005 a 2010, de 20 a 25 operações por ano.