O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou nesta sexta-feira (5) que o atual patamar de preços do petróleo não é uma preocupação para a Petrobras em relação aos investimentos que serão feitos para a exploração na camada pré-sal, em águas ultraprofundas. Segundo ele, a produção no local com a tecnologia já conhecida pela estatal seria “altamente rentável”. “Os bancos e a imprensa têm ficado muito preocupados com qual é o custo mínimo do petróleo para justificar a produção do pré-sal. Para nós esse não é o problema. Quero dizer que os preços atuais não são um limite para a produção do pré-sal.” Hoje o barril de petróleo leve é negociado próximo a US$ 41,00 na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex).
O executivo destacou que a principal preocupação da companhia está relacionada ao avanço de estudos referentes à viabilidade da utilização desse petróleo. “Temos que desenvolver novas tecnologias de produção. Precisamos resolver problemas de logística, problemas de corrosão e seqüestro de carbono e também o que faremos com o volume significativo de gás”. Gabrielli cogitou que o transporte de gás natural a partir de gasoduto pode não ser viável, devido à topografia da região. “Talvez tenhamos que construir unidade de liquefação flutuante”, afirmou, durante apresentação no 13º Encontro Anual da Indústria Química, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), em São Paulo.
Devido à necessidade de desenvolver alternativas tecnológicas para o pré-sal, Gabrielli afirmou que a produção no local deverá ter início com base em tecnologias já conhecidas pela estatal. “Começaremos a produção (no pré-sal) até 2013 ou 2014 com o sistema que já conhecemos. No final de março de 2009 começaremos um teste de longa duração e nos finais de 2010 começaremos o primeiro projeto-piloto”, afirmou. Outras etapas piloto serão antecipadas entre 2012 e 2013.
Nas áreas de Tupi, Iara e Jubarte, a Petrobras já detectou volumes de óleo recuperáveis cujas estimativas variam de 9,5 bilhões de barris a 14 bilhões de barris.
Investimentos
Em meio a polêmicas sobre a saúde financeira da Petrobras, que recentemente recorreu a bancos estatais para levantar recursos, Gabrielli afirmou que o novo plano estratégico da empresa, que será anunciado até o final deste ano, terá um patamar superior aos atuais US$ 19,5 bilhões anuais previstos pela companhia. “Provavelmente o próximo plano terá um investimento acima de US$ 20 bilhões por ano”, disse.
Os investimentos da Petrobras em 2008 somarão mais de R$ 50 bilhões, marca que deverá ser superada no próximo ano, segundo o executivo.
Um dos setores que deverá ser beneficiado no novo plano estratégico da estatal será o petroquímico, no qual a Petrobras é sócia das duas petroquímicas brasileiras, Quattor e Braskem. “Nossos investimentos previstos hoje para o setor petroquímico são da ordem de US$ 8,6 bilhões até 2012. Estamos reavaliando esses investimentos e provavelmente eles serão reavaliados para cima”, disse.
O executivo ainda afirmou que a estatal tem planos de ser mais efetiva nesse setor. “Queremos ampliar nossa atuação tanto na primeira geração como na segunda geração. Ou seja, queremos não somente ser fabricante de produtos básicos, mas queremos também ter atuação nas áreas de polipropileno e polietileno, particularmente na área de polipropileno”, afirmou.