O ano de 2011 deverá ser o primeiro desde a criação do novo modelo do setor elétrico a não ter despacho de usinas térmicas para suprir níveis baixos de reservatórios de hidrelétricas. Segundo o diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, o primeiro semestre terminou sem esta necessidade e se o chamado nível meta – porcentual mínimo que os reservatórios podem atingir – for mantido, a probabilidade do ano ser encerrado sem a necessidade das térmicas é elevadíssima.
Porém, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve elevar este nível meta de 42% para 46% nas próximas semanas. A necessidade do aumento se deve ao atraso nos projetos de 11 usinas do grupo Bertin que deveriam ser entregues entre 2011 e 2012, num total de 1,6 mil MW. “Elevando o nível meta aumenta a possibilidade de acionarmos as térmicas. Mas, ainda assim, há a possibilidade de fecharmos o ano sem acionar nenhuma térmica”, comentou.
Segundo ele, os níveis dos reservatórios são os melhores dos últimos dez anos no País. Na Região Sudeste, os reservatórios estão com 90,7% de sua capacidade ante 66% no ano passado. No Nordeste, o porcentual está em 79,6%, ante 64% em 2010. Na Região Norte alcançam 89% ante 76% em 2010, e na Região Sul 95,4% ante 88%.
“Além da hidrologia, o fato de termos acionado as térmicas em doses homeopáticas contribuiu para este cenário atual”, avaliou. Segundo ele, mesmo que tenham que ser acionadas as térmicas, o gasto extra com esta energia não deverá atingir R$ 250 milhões este ano, ou mais da metade do custo em 2010 (R$ 670 milhões). Em 2007, quando foi adotada a metodologia usada hoje, chegou a bater em R$ 2,3 bilhões, e ficou em R$ 1,5 bilhão em 2008, para cair para R$ 234 milhões em 2009.
De acordo com Chipp, além da hidrologia favorável, a entrada de novas fontes de geração tem elevado a segurança do sistema. “Só em eólica temos 500 MW entrando. Isso eleva também as sobras”, disse.
O ONS calcula que se mantido o crescimento da demanda em 4% em 2011 e 5% ao ano entre 2012 e 2015, a sobra de energia deverá ser de 5 mil MW médios ante 2,5 mil MW médios em 2011, considerando oferta total de energia de 58 mil MW em 2011 e 71 mil MW em 2015.