A crise mundial deverá afetar diretamente a capacidade do Brasil de manter o superávit comercial, avaliam economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Eles já estão até reduzindo a estimativa de expansão das exportações e importações brasileiras em 2008. Com a Europa entrando em recessão e os Estados Unidos em situação difícil, a perspectiva é de que comprem menos. Mais de 45% das exportações brasileiras são para esses dois mercados. Ao mesmo tempo, as importações não dão sinais de queda brusca, pelo menos por enquanto.
Para completar, a crise deve ainda reduzir os preços internacionais de minérios. No setor agrícola, a OMC prevê uma safra positiva em muitos mercados, o que deve também reduzir os preços internacionais. Dados da OMC confirmam que, em 2007, a alta nos preços foi fundamental para a balança comercial do País.
Michael Finger, economista da OMC, confirma que o crescimento de 4,5% previsto no início do ano para o comércio mundial será reavaliado. “Já estamos fazendo esse trabalho, com base nos novos dados de crescimento do PIB para o ano.” O secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad), Supachai Panitchpakdi, confirma. “A crise financeira pode se transformar em crise de comércio. O sistema comercial mundial será duramente afetado, como já começamos a ver. O comércio precisa ser financiado.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.