Para minimizar crise, governo do Brasil busca comércio na América do Sul

Em tempos de mercado interno em redução, o governo brasileiro começa a investir em alternativas de exportação. Próxima em distância e cultura, a América do Sul é o primeiro foco de iniciativas para destravar as exportações.

Há duas semanas, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Ivan Ramalho, foi ao Chile reabrir uma frente de negociações para tirar do caminho possíveis entraves.

Reuniões do tipo já foram feitas com Uruguai e Peru e estão programadas com o Paraguai. Somando-se a isso, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex) faz, na Colômbia, o primeiro evento Brasil Tecnológico na região, tentando atrair parcerias e negócios de alto valor agregado.

Entre as ações que o governo brasileiro pretende adotar para reavivar a balança comercial estão os acordos de facilitação de investimentos, reativados há alguns meses, primeiro com Angola e Moçambique, e depois com o México.

Um dos principais temas da agenda com o Chile é justamente criar mais um desses acordos, que ajudam a proteger os recursos de empresas em casos, por exemplo, de nacionalização ou outras crises, tanto no Brasil quanto no Exterior. “Em todas as bilaterais vamos colocar esses temas”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo Ivan Ramalho. “Temos que olhar mais para nossos vizinhos. A América do Sul tem muito potencial e pode dar uma resposta rápida.”

No Paraguai, as negociações bilaterais envolvem a proposta de criação de um acordo automotivo. Apesar da indústria automobilística ainda ser incipiente no país, centrada em algumas empresas de autopeças, a avaliação do governo brasileiro é que deve crescer e um acordo – como o Brasil já tem com Argentina e Uruguai – é interessante, já que o País pode comprar autopeças mas, principalmente, preencher um mercado que, se não for ocupado por veículos brasileiros, será tomado por chineses, americanos ou de outro país qualquer, já que não há fábricas de automóveis no Paraguai.

Os encontros bilaterais de negociação têm mais um diferencial. Em vez de serem negociados primeiro com o setor privado no Brasil e depois levado pelos governos, as missões estão levando representantes dos principais setores empresariais para tratar diretamente dos obstáculos encontrados e criar relações com os parceiros no outro país.

Já na Colômbia, a intenção da Apex é encontrar mais espaço para produtos de maior valor agregado. Ana Paula Repezza, gerente de Estratégia de Mercado da agência, afirma que o mercado colombiano tem sido, nos últimos cinco anos, um dos mais citados pelos empresários brasileiros como de interesse para as empresas brasileiras.

“Ficou claro que temos de investir ainda mais para vender mais máquinas, equipamentos e alta tecnologia”, afirmou.

Com um crescimento acima da média da região – a Colômbia deve crescer 3,4% este ano, contra 0,9% da média latino-americana – o mercado potencial interessa ao Brasil, especialmente nas áreas de máquinas e equipamentos, instrumentos odontológicos, produtos farmacêuticos, complementos agrícolas, eletroeletrônicos, sistemas e plásticos.

O Brasil Tecnológico, que acontece entre 22 e 24 de julho em Bogotá, é o que a Apex chama de uma “plataforma de venda”, que já foi feita na Rússia e na África do Sul.

Uma das principais ações é chamada de “match making”, em que a agência procura aproximar empresas brasileiras de colombianas para criar parcerias de produção e distribuição. “O foco sempre é ampliar as exportações e internacionalizar as empresas. Para a Colômbia é importante que se vá com viés da parceria”, afirmou Christiano Braga, gerente de Exportação da agência.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo