O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o governo não vai deixar que o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior se torne crônico, mas avisou que não vai sacrificar o crescimento por causa dele. “Não é algo que a gente queira deixar. Não vamos deixar se tornar crônico. O déficit em conta corrente é passageiro, mas vale a pena pagar (o preço). É o preço do nosso sucesso e de um crescimento mais forte em comparação ao de outros países”, afirmou. O ministro insistiu que prefere que o País cresça mais e a economia se consolide.

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Ao comentar as projeções do Banco Central (BC) de um saldo negativo em conta corrente de US$ 60 bilhões em 2011, Mantega disse que o governo precisa estar atento ao crescimento do déficit. “Não digo que não é preocupante, mas não é nenhum problema sério. Não é um problema que ameace o crescimento. É perfeitamente administrável”, disse Mantega, acrescentando que esse déficit previsto para 2011 não põe em risco a solidez do País. Ele lembrou que, há alguns anos, a economia brasileira tinha um déficit de 3,5%, 4% do Produto Interno Bruto (PIB) sem ter a mesma solidez de hoje.

O ministro avaliou ainda que o déficit em conta corrente do País é uma consequência do fraco crescimento da economia mundial. Segundo ele, há um descompasso entre a economia brasileira e a mundial, decorrente do que ele chamou de “sucesso” do País. “Nos recuperamos mais rápido da crise. Estamos crescendo mais. As importações estão crescendo mais e as exportações menos”, ponderou.

Remessas

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O ministro destacou ainda que, no cenário onde outros países da Europa e Estados Unidos estão crescendo menos, ocorre uma disputa comercial maior. A consequência é que o saldo da balança comercial será menor em 2010 e 2011. Soma-se a isso o fato de que as empresas estrangeiras estão remetendo para o exterior mais lucros e dividendos para coibir balanços mais fracos nas suas matrizes, o que influencia o saldo do balanço do pagamentos.

Mantega destacou que o maior peso no déficit em conta corrente se deve às remessas de lucros e dividendos. As empresas também aproveitam o real valorizado, que permite que elas recebam mais dólares pelo lucro obtido no País, para enviar dinheiro para suas matrizes. O ministro previu que esse déficit será passageiro e disse acreditar que, a partir de 2012, com a melhora das economias avançadas, as remessas serão menores.

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Para Mantega, passada a operação de capitalização da Petrobras e outras captações externas de empresas brasileiras, haverá uma desvalorização do real em relação ao dólar. Com isso, disse o ministro, as remessas de lucro e dividendos tendem a diminuir, pois elas serão menos convenientes para as empresas.