O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que considerou ?boa? a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem pelo Banco Central. Segundo ele, o documento sinaliza que a economia brasileira está sólida e que a inflação está caminhando num patamar baixo. ?Fiquei satisfeito com a ata, porque ela vem corroborar o que temos dito. Não podemos esquecer que um quadro econômico sólido está acontecendo na reta final de uma campanha eleitoral, que sempre traz algum nervosismo?, comentou o ministro.
?A ata está dizendo que a inflação está sob controle em 2006, em 2007 e a longo prazo. Esta é a boa notícia. Precisamos de uma inflação estável, de longo prazo, porque permite uma política monetária mais flexível, o que vai permitir um crescimento mais sólido?, disse.
Mantega destacou que o quadro econômico brasileiro é ?a equação ideal? para qualquer que seja o candidato vitorioso nas eleições para presidente da República. Ele lembrou que o risco país se encontra no seu nível mais baixo e que os juros continuam caindo. Mantega citou os juros futuros que, segundo ele, estão abaixo da Selic.
?Nunca vi um cenário econômico tão favorável na reta final de uma eleição. Fico satisfeito que o Brasil conseguiu esse patamar de estabilidade econômica. Isso é a grande prova. São nos momentos de estresse e de nervosismo em que se testa a estabilidade econômica de um país.?
Mantega não quis, entretanto, opinar sobre o tamanho do corte nas taxas de juros na próxima reunião do Copom. ?O ministro da Fazenda não pode opinar sobre esse assunto. Nem mesmo o Copom sabe. Mas estou otimista em relação a isso?, afirmou.
Dívidas estaduais
Mantega informou ontem que será criado um grupo de trabalho, pelo Tesouro Nacional, para analisar as dificuldades e as possibilidades de ajudar os estados e municípios que enfrentam dificuldades fiscais e orçamentárias. Segundo o ministro, a solução a ser discutida pelo Tesouro deverá ocorrer dentro dos parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ele disse que serão analisados todos os pedidos de estados e municípios que solicitarem ajuda. Segundo Mantega, a situação mais aguda é do Rio Grande do Sul. ?Vamos buscar uma flexibilidade na lei, algum esforço fiscal. Teremos que ser criativos, mas não vou antecipar aqui o que ainda não foi discutido?, afirmou Mantega, ao deixar a sede do Ministério da Fazenda, no início da tarde.
O ministro esclareceu que não se trata de uma renegociação das dívidas com os estados e municípios. ?Ninguém falou em renegociar, mas em equacionar; em ver como a União pode ajudar o Rio Grande do Sul, sempre dentro das possibilidades legais vigentes hoje?, explicou. Ele lembrou que no passado já houve reestruturação de dívidas com alguns estados, como o Ceará. Mantega disse que não teme que as declarações do presidente Lula sobre a revisão das dívidas gerem uma fila de pedidos no Ministério da Fazenda. Segundo ele, a pressão dos governadores e prefeitos é permanente. (AE)