Washington
– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, corrigiram ontem a manifestação otimista do titular da pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, sobre a perspectiva de redução da taxa básica de juros para um dígito até 2006. Cuidadosos, Lula e Palocci insistiram que a queda na Selic sempre é uma “expectativa” e “um sonho” do atual governo e está inscrita nos primeiros documentos. Mas ambos fizeram questão de acentuar que se referiam à taxa de juros básica real, ou seja, ao porcentual da Selic que resta com o desconto da inflação.Afinado com Palocci, Lula confirmou que anunciará, na próxima semana e também no dia 4 de julho, medidas para melhorar a oferta de crédito no País, especialmente para micro e pequenos produtores. Entre as iniciativas, que devem ser conduzidas pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, estão a criação de cooperativas de crédito e de produtores e a concessão de financiamento facilitado para micro e pequenos negócios e agricultores. De acordo com o presidente, trata-se de administrar os “pequenos recursos” disponíveis de forma a tornar o crédito acessível a esses produtores, a custos mais baixos, e de motivar o investimento na produção em vez da especulação financeira.
“Nós queremos que os juros reais, descontada a inflação estejam em um dígito. O que é anormal é o juro real estar com dois dígitos. Se está a um dígito, passa a ser uma coisa normal”, declarou o presidente, demonstrando surpresa com a relevância do assunto para a imprensa. “Por que se você prevê uma inflação de 7% a 7,5% (ao ano), os juros não podem ser de 30%, de 40%, de 80%, como é no mercado financeiro? Obviamente, isso é uma expectativa. É um sonho que eu quero, que o Palocci trabalha para isso, que o Furlan deseja e que eu acredito que todos os brasileiros desejam.”