O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que a crise econômica teve como principal benefício abalar as certezas, provocar discussões e trazer humildade aos líderes mundiais.
“Ninguém mais tem certeza de tudo, como tinha há alguns anos. Está todo mundo mais humilde”, afirmou. “Eu participo das reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e nunca vi gente tão humilde.”
Lula participou pela manhã da abertura do Fórum de Negócios Brasil-Itália, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No evento, voltou a criticar o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que sempre tiveram muitos “palpites” quando as crises estavam concentradas nos países pobres. Segundo o presidente, quando a crise eclodiu nos países ricos, nenhum dos organismos internacionais tinham a solução.
“E muitos governantes não pensaram em solução porque, nos últimos 20 anos, esqueceram de governar, acharam que o mercado por si só resolveria o problema dos países”, afirmou.
O presidente enfatizou que não acredita no Estado como gestor, que “atrofia” a máquina, mas defendeu o Estado como indutor e regulador, “para garantir que não haja nenhum segmento esquecido de participar do desenvolvimento”.
“E essa crise nos obriga a pensar que modelo de desenvolvimento nós queremos. Como vamos tratar o sistema financeiro”, afirmou. Segundo ele, a crise também mostrou que o sistema financeiro do Brasil é um dos mais organizados do mundo, enquanto “países que pareciam ser exemplares do ponto de vista da seriedade estavam órfãos do ponto de vista do controle do banco central”.
Em seu discurso, Lula comentou que, ultimamente, tem vindo mais à Fiesp do que à Central Única dos Trabalhadores (CUT). “E toca que o (José) Serra vai querer mais a CUT… é preciso ter um certo equilíbrio”, brincou, fazendo referência ao governador de São Paulo, que estava também presente ao evento da Fiesp.
Ao fim de seu discurso, Lula disse que seu objetivo é tentar convencer as pessoas a investir no Brasil, exatamente para poder atender às reivindicações que os líderes sindicais poderão vir a fazer.