O senador Jarbas Vasconcelos (PE), dissidente do PMDB, anunciou no intício da tarde desta quinta-feira, 16, em plenário que vai abandonar a sessão extraordinária marcada para a votação da Medida Provisória 595, a MP dos Portos. Em duras críticas, Jarbas acusou a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de não terem “credencial”. O dissidente do PMDB disse que, apesar de respeitar os colegas do Senado, não iria fazer “papel de bobo”.
Ele questionou a forma como a aprovação da MP se deu na Câmara dos Deputados, com a troca de acusações feitas por aliados da presidente. E jogou a suspeita para Dilma. “Qual é a credencial que essa presidenta tem pra gente acreditar que ela quer modernizar as coisas?”, perguntou. “Não vou votar numa coisa que está eivada de dúvida, malandragens e de duas figuras de alta linhagem da Câmara, da bancada do Rio de Janeiro”, disse Jarbas, ao se referir à troca de acusações entre os líderes do PMDB e do PR, respectivamente, Eduardo Cunha e Anthony Garotinho.
O senador afirmou também que não tem “nenhum motivo” para acreditar nas palavras de Renan. Pouco antes, o presidente do Senado havia anunciado que todas as próximas MPs terão de chegar da Câmara com pelo menos sete dias de prazo para apreciação dos senadores, sob pena de não ser analisada.
Jarbas acusou o presidente do Senado de ter feito “coisas incorretas” com a oposição, numa referência ao episódio de tentativa de votar o projeto que inibe a criação de partidos. A proposta, suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal, prejudicaria a formação do partido da ex-ministra Marina Silva, a Rede Sustentabilidade. Renan não respondeu a Jarbas.
‘Fraude’
O senador Pedro Taques (PDT-MT) criticou, em plenário, o texto da MP dos Portos (595/2012) que chegou ao Senado nesta manhã. “Não é possível votarmos uma fraude”, disse. Ele criticou o prazo de menos de um dia que os senadores têm para apreciar a matéria. “Como é possível votarmos com consciência e liberdade parlamentar se não conhecemos todos os pontos trazidos a partir das modificações efetuadas na Câmara dos Deputados?”, colocou.
Sobre a exigência de um prazo de 48h entre a leitura de uma medida provisória no plenário e a sua votação, o senador disse que não é a primeira vez que um presidente da Casa diz que o acordo não será mais desrespeitado. “Não somos criança, que comete um erro e diz pra mãe ‘esse é o ultimo erro que vou cometer’. Se buscarmos na imprensa, vamos ver que isso já foi dito pelo presidente José Sarney no ano passado.”