A piora da confiança de empresários e investidores no Brasil, um dos fatores que devem fazer a economia se contrair mais que o previsto este ano, se deve principalmente a fatores internos, avalia o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, em uma análise divulgada nesta quarta-feira, 15.
Ao citar a América Latina como um todo, Werner afirma também que a esperada recuperação da atividade econômica em 2016 “não se materializará se a confiança das empresas e dos consumidores continuar baixa como se encontra hoje”.
Ainda sobre o Brasil, o relatório menciona que o Produto Interno Bruto (PIB) real contraiu-se nos três primeiros meses do ano e que “dados preliminares do segundo trimestre indicam uma nova deterioração, inclusive no mercado de trabalho”. Werner destaca também que a inflação no Brasil vem se mantendo “incomodamente alta”.
A avaliação é de que a piora do desempenho do PIB brasileiro é reflexo de “uma contração significativa do investimento privado e um declínio moderado do consumo privado, devido à perda de confiança atribuível principalmente a fatores internos”, ressalta Werner.
Na América Latina, só a Venezuela deve ter desempenho pior que o Brasil, com contração prevista de 7% em 2015. Para o Brasil, o FMI espera queda de 1,5% este ano, depois de rebaixar novamente a perspectiva de crescimento do PIB em relatório divulgado na semana passada. Para 2016, Werner destaca que a aposta é de uma recuperação “modesta”, com a economia crescendo apenas 0,7%.
Entre outros países da região, a Argentina deve crescer 0,1% este ano, o Peru tem expansão prevista de 3,2% e o México de 2,4%. Influenciado pelo fraco desempenho da América do Sul, a América Latina deve ter em 2015 o quinto ano consecutivo de desaceleração da atividade econômica. A região como um todo deve se expandir 0,5% este ano.
“A forte atividade econômica no Norte deve ser parcialmente neutralizada pelo crescimento fraco na América do Sul”, destaca Werner. O recuo “persistente” dos preços das commodities fragilizou ainda mais a conjuntura externa para a maioria dos países da América do Sul. “Ao mesmo tempo, fatores internos vieram se somar às dificuldades externas, contribuindo para o declínio da confiança das empresas e dos consumidores e, assim, para a redução da demanda privada”, afirma o diretor do FMI.
Além disso, os preços mais baixos das commodities e a forte alavancagem financeira das empresas, muitas endividadas em dólar, sinalizam que o investimento privado “provavelmente continuará fraco por um longo tempo”, de acordo com o avaliação de Werner.