A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) contesta projeções de estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, segundo o qual o custo do spread bancário, a ser pago em dois anos, chegou a R$ 261,7 bilhões entre agosto de 2008 e setembro de 2009. “Desconheço a metodologia de cálculo, mas posso afirmar que esses números estão errados, são um absurdo”, declara o economista chefe da Febraban, Rubens Sardenberg.
O economista argumenta que o total das receitas de crédito do sistema financeiro no período de 12 meses terminado em outubro foi de R$ 242, 2 bilhões e o lucro dos bancos, de R$ 42,8 bilhões. “É absolutamente impossível que apenas o spread seja de R$ 261 bilhões. Claramente, esse número está superavaliado.”
Sardenberg admite que o spread bruto é alto no País, por causa de uma série de ineficiências da economia brasileira. “Nós temos tributação sobre intermediação financeira, que diminuiu, mas muito pouco. O Brasil tem uma inadimplência mais alta, ao contrário do que diz a Fiesp, e os custos associados também são muito altos.”
Para ele, o spread líquido, resíduo final que fica com os bancos, não é tão alto em relação a outros países, como diz a Fiesp. “Quando se fala que o spread aqui é dez vezes mais alto, o que está implícito é que os bancos ficam com 10 vezes mais do que ficam em outros lugares. Não ficam. Se fosse assim, os outros bancos viriam para o Brasil”.
Para ele, o que a Fiesp apresentou foi um número superestimado para causar impacto. “Eu não sei, mas imaginar que só a diferença do spread é igual a quase a metade do investimento, não faz sentido. Nem dizer que a diferença do spread equivale a 12% do consumo das famílias. Não faz sentido, é mais propaganda, não um estudo para discutir seriamente o problema.”