Para empresariado, Cristina Kirchner será mais flexível em negociações

São Paulo – A presidente eleita argentina, Cristina Fernández de Kirchner, já deu sinais de que manterá a política do atual presidente Néstor Kirchner. No entanto, conduzirá seu mandato com um viés mais internacional e flexível nas negociações com o Brasil, na opinião do presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo.

"Cristina sempre foi parlamentar, tem outro espírito, mais aberto ao diálogo", afirmou à ANSA o empresário argentino Alberto J. Alzueta, que acredita que até por sua biografia política, deputada provincial e nacional por Santa Cruz e senadora de Santa Cruz e Buenos Aires, Cristina estará mais aberta às discussões da agenda diplomática. 

Alzueta acredita que será dada prioridade à política exterior e destaca a probabilidade de que Cristina participe da próxima Rodada de Doha – reuniões às quais Kirchner nunca foi – e seu empenho em fechar um acordo com o Clube de Paris (instituição de apoio financeiro, do qual fazem parte 19 países, com quem a Argentina tem uma dívida de US$ 6,3 bilhões).

O empresário enfatiza também o interesse da presidente eleita em aprofundar as negociações do Mercosul, pois "fazer parte de um grupo consolidado, ao lado do líder da região, produz uma ambiente de confiança para investimentos no país".

Cristina assume a Presidência no dia 10 de dezembro, em um momento de renegociação de acordos comerciais com o Brasil – onde esteve há duas semanas para reunião com o presidente Luís Inácio Lula da Silva – como o do setor automotivo ou de importação de calçados. Segundo Alzueta, "não tem como conter uma abertura do mercado argentino, que está em uma fase de crescimento", muito diferente da vulnerabilidade de três anos atrás, quando entrou em vigor parte das restrições que até hoje o país impõe.

Para o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Argentina, Kirchner deixa um país com capacidade produtiva recuperada e equilíbrio fiscal reforçado com o recente aumento da arrecadação por meio da taxação das exportações de commodites que lhes garantiu mais US$1,5 bilhão de receita. "As proteções ao mercado interno devem deixar de existir, e isso será bom, melhora a competitividade", afirma.

O empresário diz também que 2008 será um ano de mudança do perfil de investimento bilateral, que agora incluirá pequenos e médios empreendedores. Justifica a análise citando a provável substituição do dólar pelas moedas nacionais no comércio, e um acordo de agosto desse ano, que permite que brasileiros e argentinos abram empresas em território vizinho como se fossem cidadãos locais – "enquanto antes era necessário ter US$ 100 mil para qualquer empreendimento, entre outras burocracias", lembra Alzueta.

Nesta quinta-feira (29), a Câmara de Comércio realiza, na festa do 64º aniversário da entidade, a entrega de prêmios às empresas e personalidades que se destacaram no intercâmbio entre os dois países durante o ano de 2007. O empresário argentino recorda que nos últimos três anos a iniciativa brasileira investiu quase R$ 7 bilhões na Argentina.

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