A economia do Brasil continua avançando a taxas mais altas, influenciada pela forte demanda doméstica e pelas condições favoráveis no mercado de commodities, diz em relatório Alfredo Coutino, economista sênior para América Latina da Moody’s Economy.com, subsidiária da Moody’s. Ele manteve a previsão de crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2007, após expansão de 3,7% no ano passado.

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Para 2008, Coutinho espera que uma segunda rodada de reformas econômicas dê suporte a um crescimento de 5% do PIB, puxado sobretudo pelas atividades domésticas e complementado por condições externas ainda positivas. O setor industrial é um dos principais motores da recuperação sustentada, diz o economista. "No segundo trimestre, a indústria brasileira se recuperou a taxas mais elevadas, à medida que a demanda doméstica avançava e as condições monetárias melhoravam", afirma. A demanda, por sua vez, acrescenta, está sendo muito estimulada pela força do emprego e pelo aumento no poder aquisitivo dos trabalhadores.

Coutino destaca que a inflação continua bem abaixo da meta oficial, apesar de uma recente pressão de alta dos alimentos, bebidas e gêneros de primeira necessidade. Depois de ficar ancorada em 3% nos cinco primeiros meses do ano, a inflação subiu em junho e julho para 3,7%, ainda abaixo da meta de 4,5% do Banco Central. "Apesar do afrouxamento de julho, as condições monetárias continuam restritivas", diz o economista. Ele espera mais alguns cortes no juro neste ano, sobretudo se a inflação continuar baixa. Mas ressalta que, dada a turbulência financeira atual, o BC pode reduzir o ritmo de corte ou mesmo fazer uma pausa nos próximos meses. "Esperamos que a taxa de juro termine o ano em cerca de 11%", afirma.

Turbulência

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Sobre a turbulência desencadeada pela crise no setor de hipotecas de segunda linha (subprime) dos EUA, Coutino afirma que o mercado financeiro do Brasil, como a maior parte dos mercados mundiais, também foi atingido, mas tem mostrado rápida recuperação. Durante o período de maior turbulência, entre 23 de julho e a intervenção inicial do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em 16 de agosto, os mercados emergentes tiveram as maiores perdas em vários anos. No Brasil, a queda foi de 17%. Mas, segundo Coutino, a recuperação se seguiu à constatação de que a região latino-americana tem exposição baixa aos ativos lastreados em hipotecas dos EUA.

Coutinho afirma que a economia real só seria afetada negativamente num cenário de desaceleração econômica global. Para o Brasil, uma desaceleração leve nos EUA não será sentida significativamente, particularmente porque o Cone Sul está em meio a uma recuperação sustentada com base em fontes domésticas, diz. "A volatilidade financeira foi bem administrada e absorvido pelos mercados brasileiros, uma vez que a economia mantém fortes fundamentos econômicos, reduzindo assim a vulnerabilidade do Brasil a choques externos", opina.

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