Os fundamentos da economia estão preservados, com inflação “dentro da faixa” e endividamento público estabilizado, afirmou nesta quarta-feira, 06, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, ao traçar um panorama do cenário econômico. “Há uma deflação no atacado”, disse Coutinho, em palestra durante seminário organizado pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), no Rio.
Coutinho destacou ainda uma “extraordinária mudança no perfil de distribuição de renda”, puxada pela formalização do emprego. Isso levou também a uma baixa taxa de desemprego. “O desemprego relativamente baixo é um desafio para o País continuar crescendo”, afirmou Coutinho, destacando que o desemprego baixo torna necessários ganhos de produtividade.
Investimento
Mesmo com uma postergação por causa do período eleitoral, o estoque de investimentos está mantido, afirmou Coutinho. “As empresas não estão abandonando os projetos”, disse.
Mostrando os números de perspectivas de investimentos mapeadas pelo BNDES, Coutinho destacou o crescimento projetado em infraestrutura. Nesta área, que cuida dos projetos de energia elétrica e logística, a projeção é que o desembolsos cheguem a R$ 50 bilhões em 2017. Para isso, os recursos liberados para logística deverão “mais que duplicar”.
Em sua apresentação, Coutinho ainda destacou que os cinco aeroportos federais concedidos à iniciativa privada – Brasília; Viracopos, em Campinas; Cumbica, em Guarulhos; Galeão, no Rio; e Confins, em Belo Horizonte – representam 46% da demanda de passageiros.
De acordo com presidente do BNDES, a taxa de investimento na economia brasileira vem crescendo nos últimos anos, mas o cálculo é prejudicado por causa da queda nos preços relativos de bens de capital. “Com preços de 2005, a taxa de investimento estaria acima de 20% do PIB”, disse ele.
Segundo Coutinho, na esteira da crise de 2008, desde 2009 há queda de preços relativos de máquinas e equipamentos, pois os valores subiram menos que a inflação do período, por causa de “grande concorrência no mercado internacional”. “Estamos conseguindo subir a taxa, mas isso não significa que a gente deva se contentar. Devemos aumentar para perto de 24% do PIB”, completou.
Debêntures
Coutinho afirmou ainda que há certa frustração em relação às expectativas do BNDES para as emissões de debêntures de infraestrutura. O principal motivo para isso, segundo Coutinho, é financeiro: o recente aumento na taxa básica de juros (Selic, hoje em 11,0%) leva investidores a buscar títulos públicos e as empresas emissoras preferem esperar momentos mais favoráveis à demanda.
“As emissões estão sendo adiadas, mas lá na frente haverá um grande volume”, afirmou Coutinho. “As debêntures podem representar um volume tão relevante quanto o crédito de longo prazo do BNDES”, completou.
Coutinho reforçou sua crença no controle da inflação no médio prazo, possibilitando uma queda na taxa básica de juros. “No momento em que a taxa de juros voltar a cair, haverá migração significativa para debêntures”, disse.