Para consultor, Copel deve procurar outros parceiros

A derrota da Companhia Paranaense de Energia (Copel) no leilão de concessão da usina hidrelétrica do Baixo Iguaçu, no final de setembro, deve servir para que a estatal reveja onde errou e saiba escolher melhor o parceiro na próxima disputa. A opinião é do engenheiro Ivo Pugnaloni, ex-diretor da Copel Distribuição e diretor da consultoria Enercons. “É preciso aprender com as derrotas. Quando a Copel quiser ter a certeza de que vai ganhar o leilão deve procurar um fundo de pensão, por exemplo, como parceira, que procura segurança. Mas quando a intenção é ganhar mais, ela tem que se aliar a outras do ramo, como a Eletrosul.”

O assunto voltou à cena na última terça-feira, quando o governador Roberto Requião declarou, durante a Escola de Governo, que irá levar pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, seu protesto contra as atitudes do governo federal que resultaram na perda, pela Copel, da concessão para construção da usina.

A vencedora do leilão foi a Neoenergia, formada pelo fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ, com 49% do capital), pela espanhola Iberdrola (39%) e pelo Banco do Brasil (12%). A companhia venceu o leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com um lance de R$ 99 por megawatt-hora (MWh), quase 20% abaixo do preço máximo (R$ 123 por MWh). O Consórcio Hidro Naipi – formado pelas estatais Copel e Eletrosul, as mesmas que arremataram a usina de Mauá em 2006 – não informou o valor de seu lance.

“Perdemos o leilão para um grupo que tem como controladora a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, quando poderíamos ter ganho a usina com a Copel entrando sozinha”, afirmou Requião, na Escola de Governo. Para ele, o leilão foi transformado “numa falseta” porque, ao exigir rentabilidade mínima de 8% em seus investimentos, a estatal federal Eletrobrás e sua subsidiária Eletrosul, a sócia da Copel na disputa, incharam o lance a ser oferecido pelo consórcio. Por outro lado, o Banco do Brasil e seu fundo de pensão, a Previ, com o Iberdrola, teriam sido autorizados pelo governo federal a participar, sem margem de rentabilidade previamente estabelecida e levaram a concessão da nova usina. “Fomos programados pelo governo federal para perder essa concorrência”, denunciou Requião.

Reclamação

Para Pugnaloni, a reclamação de Requião é justa. “Se o governador fez essas afirmações é porque a Copel deve ter passado as informações para ele. Mas reverter o resultado do leilão é impossível. Significaria quebrar as regras do jogo”, comentou o engenheiro. Para ele, quando foi colocada a exigência de rentabilidade mínima, a Copel deveria ter levado o assunto ao governador e este a Eletrobrás. “Esta reclamação deveria ter sido feita antes. Mas aprende-se com as derrotas.”

Segundo Pugnaloni, todos os empreendimentos que vão à leilão são bons negócios, mas a perda “não tem todo esse valor emocional”. Com potência instalada de 350 MW, a Usina do Baixo Iguaçu é o último aproveitamento previsto para o Rio Iguaçu, onde operam cinco hidrelétricas de grande porte: Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias – da Copel -, Salto Osório e Salto Santiago, da Tractebel.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna