A alta de 0,7% da produção industrial brasileira em março ante fevereiro mostra que a queda livre experimentada pelo setor no fim do ano passado e no começo deste ano foi interrompida. A afirmação foi feita pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, durante audiência pública da comissão especial da crise mundial da Câmara dos Deputados, ao comentar os dados divulgados hoje pelo IBGE. “Há sinais tênues de que a atividade possa estar evoluindo de forma positiva neste segundo trimestre”, disse, segundo nota divulgada pela assessoria da CNI.
Apesar de acreditar no início da recuperação, o presidente da CNI ressaltou que não se deve exagerar no otimismo. “No segundo trimestre teremos um desempenho melhor, mas há uma ponta de preocupação de que voltemos a ter uma forte queda na produção industrial, que consequentemente gerará forte queda no PIB industrial”, afirmou. Monteiro Neto ainda lembrou que neste ano o PIB industrial será negativo na comparação com 2008. Segundo ele, o ano será de crescimento do PIB próximo de zero e “a indústria contribuirá de forma negativa, com queda de 2,5% a 3% na produção industrial”. Para o presidente da CNI, os resultados divulgados hoje pelo IBGE não surpreenderam. “Eles vieram em linha com os indicadores antecedentes”, resumiu.
Iedi
O economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza considerou os dados da produção industrial de março “bastante tímidos”. Para ele, não houve qualquer sinal de reação no setor. “O crescimento ante fevereiro foi tímido e está longe de uma rota de recuperação, esses pequenos crescimentos são ajustes, não recuperação, essa reação só deve ocorrer, esperamos, no segundo semestre”, disse.
Para Souza, o recuo nos investimentos agrava as perspectivas futuras do setor industrial. “Investimento menor hoje é produção menor amanhã, isso gera um problema para a economia, temos que ficar de olho neste setor”, afirmou. Segundo o economista do Iedi, os dados industriais confirmam um desempenho negativo do PIB no primeiro trimestre, com recessão técnica, nos dados que serão apresentados pelo IBGE no dia 9 de junho. “O PIB vai ter queda e muito do recuo vai vir do setor industrial”, avalia.
“Lado positivo”
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou hoje que o resultado da produção industrial mostra um lado positivo da economia nacional, que é o fato de ela estar crescendo há três meses seguidos. Sobre a queda de 14,7% na produção industrial do primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, Bernardo reconheceu que o resultado é ruim, mas foi otimista na avaliação. “Por outro lado, tem um lado bom de estar crescendo há três meses consecutivos”, afirmou o ministro.
Para Bernardo, a economia brasileira, após o tombo do final do ano passado em razão da crise financeira internacional, já está dando sinais claros de recuperação. “Nós estamos animados que isso vai continuar em um ritmo mais acelerado”, afirmou o ministro, evitando, no entanto, fazer previsões numéricas sobre o assunto.
Paulo Bernardo participou nesta tarde de uma solenidade no Banco do Brasil (BB) em que foi assinado um convênio entre o BB e o Ministério da Previdência Social para a impressão de extratos previdenciários ao clientes do banco, por meio de terminais de autoatendimento e internet.