A estagnação no ritmo de crescimento da produção industrial e a queda na utilização da capacidade instalada (UCI) nas fábricas nos últimos meses, conforme Sondagem Industrial divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), demonstram que não existem pressões no setor que poderiam levar a um aumento da inflação, avaliou Marcelo Azevedo, analista da entidade. “Os dados mostram que não há descompasso entre oferta e demanda. A indústria está operando sem pressão na utilização da capacidade instalada e os estoques estão próximos do planejado”, afirmou Azevedo.
Para o gerente-executivo de Análise da CNI, Renato da Fonseca, como a produção industrial, apesar de estável, tem conseguido acompanhar o ritmo da demanda, não haveria motivos para um novo aumento na taxa básica de juros. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em 0,5 ponto porcentual a Selic (taxa básica da economia), para 10,75% ao ano.
“O mecanismo de aumento dos juros é voltado para conter a demanda. Mas o problema é que se acaba afetando muito mais investimento do que consumo, principalmente no que diz respeito às expectativas dos empresários para investimentos futuros”, disse Fonseca. “Sem investimentos fica-se preso nessa situação e, quando a economia cresce, precisa aumentar novamente os juros pra conter a demanda”, completou.
Segundo a pesquisa divulgada hoje pela CNI, a produção industrial brasileira perdeu ritmo e ficou em 51,8 pontos em junho, ante 54,9 pontos registrados em maio. O indicador varia de zero a 100, sendo que valores acima de 50 pontos indicam crescimento. O uso da capacidade instalada (UCI) ficou abaixo do usual para o mês de junho, situando-se em 48,4 pontos, enquanto em maio havia registrado 50,3 pontos.
