A realização de acordos bilaterais brasileiros tem sido rara em grande parte por conta da união do País com outras nações do Mercosul. A avaliação foi feita hoje pelo presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. “Muito (dessa participação pequena do Brasil em acordos bilaterais) é porque tem que ser por meio do Mercosul. Isso tem dificultado um pouco os acordos”, disse, após discurso no 4º Encontro Empresarial Brasil-União Europeia, realizado pela entidade no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

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Andrade salientou que o bloco americano acaba fortalecendo as negociações quando elas conseguem sair do papel. “Mas seria mais fácil se estivéssemos sozinhos”, comentou. Isso porque, além de divergências com o país em negociação, é preciso tratar primeiro da falta de consenso interno. “Há divergências entre Brasil e Argentina, e com o Paraguai, e com o Uruguai…”, citou.

O presidente da CNI falou ainda sobre o que parece ser o mote do encontro realizado em Brasília: a insatisfação doméstica com o protecionismo de mercado adotado por países desenvolvidos. “Temos enfrentado problemas com outros países, que têm se fechado”, disse, salientando que o aumento do número de barreiras tarifárias é o maior exemplo dessa movimentação. “Precisamos discutir isso para abrir mercados para as empresas brasileiras.”

Na avaliação do empresário, as negociações estão em ritmo muito lento. “É preciso avançar mais”, afirmou. Ele admite que parte dos atrasos nas negociações se dá ainda por conta dos reflexos da crise financeira internacional. Mas, além disso, o presidente da CNI voltou a citar dois pontos que são vistos como obstáculos para a produção: a valorização do real e a elevada carga tributária.

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Andrade mostrou ainda insatisfação com o aumento das exportações de commodities brasileiras acima dos produtos manufaturados. “O Brasil precisa exportar mais manufaturados”, avaliou. Por isso, segundo ele, a importância do encontro de hoje. Para o executivo, o crescimento do mercado doméstico tem atraído empresas multinacionais, mas o que se quer é fazer o caminho de volta, para que o Brasil tenha mais representatividade no comércio mundial.