Apesar de os principais indicadores de atividade da indústria brasileira já estarem melhores que os registrados em setembro de 2009, a crise financeira internacional ainda não foi superada por todas as empresas do setor, sobretudo por aquelas que mais exportam. A avaliação foi feita hoje pelo gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Hoje, a CNI divulgou os resultados de uma sondagem especial sobre a crise.

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O estudo mostra que uma parcela de 65% da indústria brasileira foi afetada pela crise e que, desse conjunto, 59% ainda sentem os efeitos perversos do abalo global. “Olhando os indicadores, pode parecer que a crise é uma coisa do passado, mas ela ainda afeta um conjunto de empresas”, afirmou Castelo Branco.

Segundo o economista, mesmo com o crescimento do faturamento industrial nos últimos meses, caminhando rumo a um recorde em 2010, a crise deixou sequelas. “O faturamento total no setor está 4% acima do verificado em setembro de 2008. Em condições normais, estaríamos bem acima. Precisamos lembrar que os dados de faturamento e produção são a média de toda a indústria, mas ainda existem segmentos que não se recuperaram”, completou.

Um dos resquícios da turbulência mundial, segundo ele, está no volume de recursos aplicados em novos projetos. Segundo o documento, 21% das empresas que cancelaram investimentos ainda não conseguiram retomá-los, enquanto 27% diminuíram seus planos iniciais. Entre as empresas mais atingidas, os segmentos exportadores são os de menor ritmo de recuperação, uma vez que a demanda externa ainda não retornou ao nível pré-crise.

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“A crise ainda se mostra como fator de limitação para um conjunto não desprezível das indústrias brasileiras, com dano maior para as que dependem da retomada da demanda externa. Ainda assim, o efeito do abalo no País foi menor do que em outras economias, devido à forte demanda interna, a qual tem sido a alavanca da recuperação da indústria”, concluiu.