O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, fez duras críticas ao Plano Safra 2016/2017, lançado nesta quarta-feira, 4. Martins, que comanda a entidade desde que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, se licenciou do cargo, acusou o governo de ter sido intempestivo por ter adiantado a divulgação e por não ter ouvido o setor na elaboração do projeto. Para ele, o volume de recursos está adequado, mas as taxas não. “Esses são os juros mais elevados desde 2000”, disse.

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Martins convocou uma entrevista coletiva para a tarde desta quarta-feira para falar sobre a reunião que a entidade teve com o vice-presidente Michel Temer, na semana passada, e para criticar o Plano Safra lançado hoje. Martins e o presidente da Comissão de Política Agrícola da entidade, José Mário Schreiner, afirmaram que a programação de financiamentos definida pelo plano pode não se concretizar. Além de precisar de aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), o plano, segundo eles, pode ser completamente alterado em um futuro governo de Michel Temer.

O presidente da entidade disse que não compareceu ao evento de lançamento do plano porque a CNA apoia o impeachment da presidente Dilma Rousseff e tem trabalhado para que deixe o Palácio do Planalto. Questionado sobre nomes que a entidade poderia apoiar para a sucessão de Kátia Abreu no Ministério da Agricultura, ele citou quatro: o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), a senadora Ana Amélia (PP-RS), a deputada Tereza Cristina (PSB-MS) e o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. “Eu citei esses nomes aqui, mas não quer dizer que levei eles para Temer”, acrescentou.

Martins também falou sobre a possibilidade de o ex- ministro Roberto Rodrigues assumir a pasta. “Roberto Rodrigues sempre foi ministro e precisamos dar oportunidade para novos nomes. Não estou vetando o Roberto Rodrigues, só estou dizendo que o Brasil tem muitos nomes qualificados”, disse. Para o presidente da CNA, só haverá problema se o nome a ser escolhido não entender nada do setor. Ainda assim, ele afirmou que Temer garantiu que qualquer que fosse a escolha passaria pela “apreciação” da CNA.

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O presidente da CNA disse também que, em caso de novo governo, ele tem certeza de que o setor terá o que precisa. Martins relatou que o volume de recursos disponibilizados está adequado, mas reclamou das taxas de juros e aproveitou para alfinetar Kátia Abreu: “Ela é uma ótima ministra, mas rompeu o cordão umbilical com o setor. Em tese, ela está licenciada da presidência da CNA, mas o setor não quer que ela volte”, disse.