O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou nesta terça-feira, 27, que a queda de 0,8% no saldo total de crédito total do sistema financeiro nacional em janeiro ante dezembro decorreu de fatores sazonais de fim de ano, que se esgotaram no primeiro mês de 2018.
Ele destacou que o saldo de crédito para pessoas físicas continuou crescendo no mês passado, com alta de 0,5%, enquanto houve retração de 2,3% no estoque de financiamentos para empresas. “As operações para pessoas jurídicas devolveram o crescimento de dezembro com a queda de janeiro”, completou.
Rocha apontou ainda que a redução constante no volume de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continua afetando o resultado para as empresas. Além disso, operações de curto prazo no crédito livre – como capital de giro, antecipação de fatura de cartão e desconto de duplicatas – normalmente apresentam redução no primeiro mês do ano. “Temos uma sazonalidade bem marcada”, enfatizou.
ICC
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central disse que o Indicador de Custo de Crédito (ICC) total medido pelo BC manteve a tendência de estabilidade em janeiro, passando de 21,4% para 21,5%.
Já o ICC do crédito com recursos livres teve uma alta de 0,4 ponto porcentual em janeiro, para 34,8%. Rocha destacou, no entanto, que na comparação com janeiro de 2017, a retração foi de 4,2 pontos porcentuais. “Isso demonstra a tendência de redução do ICC”, alegou.
Juro médio e cheque especial
Rocha disse também que o saldo de crédito para as famílias continuou crescendo em janeiro e destacou que a alta de 0,4 ponto porcentual na taxa média de juros para pessoas físicas no mês (para 32,3%) decorreu do aumento das concessões no cheque especial – ainda que a taxa da modalidade tenha ficado relativamente estável no mês.
“Esse aumento de 5,9% nas concessões do cheque especial em janeiro fez com que os juros da modalidade representassem uma fatia maior do juro médio do crédito para pessoas físicas”, explicou.
Segundo Rocha, a taxa de juros do cheque especial é elevada – 324,7% ao ano – e, na avaliação dele, a condição para a queda desse custo passaria pela educação financeira dos tomadores, para que eles evitem acessar essa modalidade.
Rotativo
O chefe do Departamento de Estatísticas disse que o aumento de 7,1 pontos porcentuais na taxa no rotativo regular do cartão de crédito em janeiro, para 241% ao ano, ocorreu porque um número reduzido de bancos aumentou os juros para o produto.
“Mas a maior parte das instituições manteve as taxas relativamente estáveis”, alegou. Já a taxa no cartão não regular caiu 14,6 pontos porcentuais em janeiro, para 387,1% ao ano.
No parcelado, houve aumento de 3,0 pontos porcentuais em janeiro, para 171,5% ao ano. Em 12 meses, a alta dos juros no parcelado é de 9,6 pontos porcentuais.
Segundo Rocha, essa alta se deve à maior demanda pela modalidade após as mudanças promovidas pelo BC no mercado de cartão de crédito, como a limitação do rotativo a 30 dias.