Para analistas, Selic deve permanecer em 16%

O mercado financeiro inicia os negócios da semana com a atenção dividida entre a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio nos Estados Unidos, terça-feira, e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, sobre a taxa básica de juros (Selic) na quarta. ?São os dois principais eventos da semana?, comenta o vice-presidente executivo de Tesouraria do Banco WestLB do Brasil, Flávio Farah.

O interesse pela inflação americana, diz Farah, ficou aguçado após as declarações do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Alan Greenspan, de que poderá adotar uma política de juros mais agressiva em caso de aceleração dos preços. O temor de elevação dos juros americanos está por trás das recentes movimentações nos mercados que levaram à alta do dólar e agravaram as expectativas em relação à inflação doméstica.

O investidor vai estar bastante atento ao core (núcleo) do CPI, estimado pelo mercado em 0,25%, diz Farah. ?Um core acima de 0,30% pode acentuar as preocupações do mercado.? Embora uma corrente esteja trabalhando com a possibilidade de um aumento de meio ponto porcentual na taxa básica americana pelo Fed, na reunião do dia 30, ele continua prevendo uma elevação de 0,25 ponto, de 1% para 1,25% ao ano.

Os sinais sobre os próximos passos do Fed na administração dos juros americanos é um dos fatores que devem influenciar a decisão do Copom sobre a taxa básica na quarta-feira. Desta vez, analistas e economistas de bancos estão alinhados unanimente em torno de uma mesma aposta. Os 45 analistas consultados pela Agência Estado acreditam na manutenção da taxa Selic, pela segunda vez seguida, em 16% ao ano.

Os argumentos vão desde a expectativa com a reunião do Fed, passam pela perspectiva de reajuste dos preços dos combustíveis, valorização do dólar, recuperação da atividade econômica até o agravamento de expectativas com a inflação. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse, na sexta-feira, que o modelo de previsão de inflação adotado pelo Copom comporta um reajuste de até 11% nos preços da gasolina.

O mercado estará acompanhando também a divulgação, pelo IBGE, dos dados de abril da produção industrial, na terça, e da pesquisa de comércio, na quarta-feira. Farah prevê alguma pressão sobre o dólar, por causa do vencimento da dívida cambial de US$ 983 milhões na quinta-feira, e aponta também como possíveis focos de instabilidade a votação da MP do salário mínimo de R$ 260 pelo Senado e a eventual volta da discussão da contribuição previdenciária dos servidores inativos no STF.

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