Para analistas, aumento do diesel tem impacto no atacado

O aumento inesperado de 5% no preço do óleo diesel nas refinarias da Petrobras, anunciado na terça-feira (5) e válido desde a zero hora desta quarta-feira, tem impacto preponderante na inflação medida pelos Índices Gerais de Preços (IGPs), que avaliam boa parte dos preços no atacado. No varejo, a influência será insignificante, concordam analistas ouvidos pela Agência Estado.

Para a economista da Rosenberg & Associados Priscila Godoy, se o aumento for repassado ao atacado integralmente, o impacto seria de 0,05 ponto porcentual nos IGPs. “O impacto para o consumidor é bem mais irrelevante, o peso é menor”, afirmou. O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, explica: “O impacto só existe nos IGPs porque (o diesel) acaba afetando o IPA industrial, pois pega o preço no atacado”. Serrano projeta impacto de cerca de 0,07 ponto porcentual no IGP. “No IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), não existe impacto direto e também quase não há impacto no IPC-S”, completou.

Na avaliação do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, o impacto deve ficar entre 0,10 e 0,15 ponto porcentual no atacado. Ele concorda que a alta, anunciada de surpresa, não deve atingir o varejo. “No varejo o efeito é desprezível, pois o peso do diesel no IPC (Índice de Preços ao Consumidor) é mínimo, de 0,006 ponto”, afirmou.

De acordo com Souza Leal, a segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de março, que será divulgada no dia 19, já deverá captar o efeito da alta do diesel. “Quanto mais o IGP-M sobe, pior para o item aluguel no IPCA. Esse seria o impacto de curto prazo mais relevante”, explicou.

A analista da Tendências Adriana Molinari reforça que, ao longo de março, devem ser registradas maiores pressões nos preços industriais, já que o óleo tem peso maior no IPA e no INCC, pois entra também no custo da construção.

Em relação ao varejo, Souza Leal ressalta que a dúvida é quanto ao aumento nas tarifas de ônibus urbano nos grandes centros, como São Paulo. Isso porque, além de a alta nas passagens ter sido postergada pelas prefeituras, com a elevação do diesel as empresas podem vir a promover um reajuste ainda maior nas tarifas. “De alguma forma seria repassado. A não ser que, de fato, haja a desoneração do diesel”, avaliou.

Adriana afirma que “certamente” o aumento terá impacto sobre o reajuste de ônibus urbano. No IPCA, o impacto deve ser, segundo a Tendências, de 0,004 ponto porcentual. “Pouco significativo”, classificou a analista. “Entretanto esperamos impacto indireto para o consumidor final na medida que isso traz um aumento de custo, principalmente em custo de transporte e frete.”

Desoneração

O governo estuda desonerar o etanol e o óleo diesel de PIS e Cofins. Para Serrano, da Besi Brasil, ainda que isso seja realizado, não será verificado um alívio no IGP. “Não alivia porque o preço que contabilizamos (para influência no IPA industrial) é o que a refinaria vende o combustível. Quando o governo baixa o imposto, acaba afetando a estrutura de distribuição e o preço na bomba sobe menos”, afirmou.

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