Em entrevista ao órgão de comunicação interna do Banco Central, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os “espíritos animais” dos empreendedores ainda não se restabeleceram. A entrevista do presidente foi publicada nesta terça-feira, 01, um dia após sua apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado ter sido adiada. Possivelmente o encontro do executivo com os parlamentares deve ocorrer em duas semanas, mas a data ainda não está fechada.
Na visão de Tombini, os estímulos monetários usados dos últimos anos, sobretudo por economias avançadas como os Estados Unidos, permitiram evitar uma “nova Grande Depressão”. No entanto, ele explicou, esses estímulos não foram capazes de melhorar de forma “permanente e significativa” a confiança de setores reais das economias avançadas.
Essa demora na reação dos “espíritos animais” ocorre, segundo Tombini, a despeito de sinais positivos nos mercados acionários e nos mercados de imóveis. “Algumas economias estão em fase mais avançada do processo de recuperação, como é o caso dos Estados Unidos, mas sofreram recentemente com choques climáticos”, disse. Segundo ele, esses choques levaram a uma contração significativa do PIB no 1º trimestre e isso deve se refletir no crescimento ao longo de 2014.
“Sem embargo, não acredito que isso modifique a atual estratégia de retirada gradual dos estímulos monetários nos Estados Unidos, mas pode facilitar a compreensão pelos mercados de que poderá haver um período mais longo de normalização da política monetária”, observou.
Tombini ainda afirmou que vê a possibilidade de a zona do euro aprofundar estímulos à atividade e de o Japão dar continuidade a sua estratégia monetária. Na visão dele, isso pode suavizar o movimento de retirada de estímulos observado na economia norte-americana. Ele destacou que, no caso da China, o BC observa uma “gradual mudança de patamar de crescimento”.
“Todos esses elementos do cenário externo estão sendo gerenciados com uma melhor comunicação pelas autoridades dos respectivos países, o que deve permitir também uma maior previsibilidade para as economias emergentes”, afirmou. “O cenário internacional não apresenta grande mudança, apenas recuperação um pouco mais lenta do que se antecipava há pouco tempo”, disse.