Depois de registrar superávit comercial em 2005 e 2006 (US$ 1,5 bilhão e US$ 2,3 bilhões, respectivamente), a indústria de máquinas e equipamentos deve voltar a ter saldo negativo neste ano, algo entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões. A projeção é do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello, para quem as importações devem acelerar para 40% até o fim do ano, na comparação com 2006 enquanto as exportações desaceleram para 18% na mesma base de comparação.
De qualquer forma, o executivo acredita que o faturamento total do setor ficará ao redor de R$ 59 bilhões, superior em cerca de 10% ao registrado em 2006 (R$ 54,5 bilhões), variação que já se verifica nos números do primeiro semestre.
O grande responsável pela melhora no faturamento, portanto, é o mercado interno. A recuperação do setor agrícola está puxando o segmento de máquinas para a agricultura – alta de 33% sobre os primeiros seis meses de 2006 –, que representa 25% do faturamento registrado pela Abimaq. Os investimentos da Petrobras também estão ajudando a elevar a receita do setor, que registrou aumento nas vendas de válvulas industriais (35% no primeiro semestre frente ao primeiro semestre de 2006) e equipamentos pesados (15% na mesma base de comparação).
Setor têxtil
Na ponta negativa estão os fabricantes de máquinas para o setor têxtil. Nesse segmento, a forte concorrência chinesa no mercado de tecidos e confecções está limitando os investimentos em produção e, conseqüentemente, em maquinário.
Voltando ao comércio exterior, os números do setor, apresentados hoje pela Abimaq, mostram ainda que a participação dos importados no consumo nacional vem crescendo. No primeiro semestre de 2006, a fatia de máquinas adquiridas do Exterior era de 39,3%. Neste ano, passou para 42,2%. "É o câmbio desfavorável ao produtos nacionais", explica o presidente da Abimaq, Newton de Mello.
China
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos perdeu para a China o fornecimento de cerca de US$ 800 milhões para a Companhia Siderúrgica do Atlântico, em construção no Rio de Janeiro. Segundo o presidente da Abimaq, Newton de Mello, apenas em máquinas e equipamentos, serão investidos cerca de US$ 2 bilhões. A indústria nacional pretendia fornecer pelo menos 90% desse total.
Mas a China, por conta de um preço mais competitivo, conseguiu contratos da ordem de US$ 800 milhões em detrimento do fabricante local. A direção da CSA "comprometeu-se", nas palavras de Mello, que a indústria nacional forneceria a parte restante. A China, no primeiro semestre deste ano, ocupava o quinto lugar na lista dos principais países que vendem máquinas para o Brasil.
No entanto, as compras nesse período registraram um aumento de 103,04% em relação ao mesmo período de 2006, variação superior a qualquer outro fornecedor. Os Estados Unidos, principal exportador de maquinário para o Brasil, ampliaram as vendas em apenas 16%, e a Alemanha, em segundo lugar, elevou as vendas em 20%.