A forte aceleração nos preços da construção civil medidos pelo Índice Nacional da Construção Civil – Disponibilidade Interna (INCC-DI), de abril para maio (de 0,46% para 1,15%) conduziu à taxa maior do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) – que subiu 0,16% no mês passado, ante alta de 0,14% em abril.

continua após a publicidade

A informação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele considerou que o indicador relacionado ao setor da construção foi o único a apresentar elevação de preços mais intensa – sendo que os indicadores voltados para o atacado e para o varejo registraram queda e desaceleração de preços, respectivamente, de abril para maio. "A aceleração do IGP-DI deve-se mesmo ao INCC-DI", disse.

O economista explicou que o indicador da construção está sendo pressionado para cima por dois fatores: o impacto da resolução de dissídios salariais – que ocorrem quase sempre nessa época do ano -, nos preços do segmento de mão-de-obra; e uma tendência de alta nos preços de metais importantes relacionados ao setor da construção, principalmente aço.

Quadros explicou que, no setor de mão-de-obra, houve resolução de dissídios salariais em seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília, Fortaleza e Goiânia. "No mês de junho, o impacto desses dissídios (no INCC) estará no auge", disse. "Os reajustes estão se posicionando na faixa de 5% a 6% e em São Paulo não teve nem a metade disso", acrescentou, considerando que a capital paulista é a de maior peso no cálculo do índice.

continua após a publicidade

No caso dos metais, os produtos desse tipo estão sendo influenciados também por dois fatores: demanda aquecida no setor da construção civil no mercado interno; e a alta de preço do aço no mercado internacional. Ao falar sobre o cenário no exterior, Quadros explicou que o mercado está bastante aquecido, influenciado pela demanda chinesa por produtos.

No âmbito do INCC-DI, o preço do aço CA-50 e CA-60, tipo vergalhão, subiu 1,43% em maio, ante alta de 1,23% em abril – a elevação mais intensa desde novembro de 2004, quando o preço desse produto subiu 2,51%. Outros exemplos de aceleração de preços no setor, de abril para maio, destacados pelo economista, foram as altas mais expressivas em tubos e conexões de ferro e aço (de 0,78% para 2,05%) e condutores elétricos (de 2,19% para 2,57%).

continua após a publicidade