Brasília (AE) – Empresários brasileiros e paquistaneses precisam se aproximar, para criar oportunidades de negócios. Foi nessa tecla que bateram os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Paquistão, Pervez Musharraf, durante encontro que tiveram ontem. O encontro empresarial Brasil-Paquistão que se realiza hoje em São Paulo e a visita à fábrica da Embraer são duas iniciativas de Musharraf para tentar mudar esse quadro.
"Os números do comércio bilateral são muito baixos, muito pequenos", disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes. Ao longo dos últimos cinco anos, a troca de mercadorias ficou na casa dos US$ 50 milhões ao ano.
"As possibilidades são muitas, mas existe a necessidade de aproximação empresarial", comentou Fortes. Os paquistaneses também estão interessados em comprar couro semiprocessado para fabricação de bolsas e calçados. Petróleo, energia e algodão são outras áreas onde poderá haver cooperação.
Foram assinados quatro documentos: um trata da co-operação no combate ao narcotráfico, outro da cooperação na área de combate à fome, um terceiro cria um mecanismo para que os dois países se consultem sobre temas que sejam de interesse mútuo e um quarto garante que um diplomata brasileiro não precise de visto para entrar no Paquistão e vice-versa.
Musharraf veio ao Brasil numa tentativa de dar mais visibilidade ao seu país, depois de iniciado o processo de reconciliação com a Índia, após mais de meio século de disputas pela região da Caxemira. "Para aplaudir são necessárias duas mãos. A nossa está estendida", comentou o paquistanês.
A atitude foi elogiada por Lula. Brasil e Paquistão são atualmente membros rotativos do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, o Paquistão não apóia a tese de que são necessárias novas cadeiras permanentes no conselho, como defende o Brasil. Nessa discussão, o governo brasileiro é aliado da Índia, que também pleiteia uma vaga permanente.