O mercado financeiro reagiu bem à proposta feita pela Vale de eliminar todas as barragens com características semelhantes à do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que rompeu e deixou até agora 99 mortos e 259 desaparecidos. Apesar de a proposta prever um gasto de R$ 5 bilhões e a perda de 40 milhões de toneladas de produção, a ação da empresa na Bolsa de São Paulo fechou na quarta, 30, com alta de 9% – na segunda-feira, haviam caído 24,5%, e fechado em alta de 0,85% no pregão de terça-feira, 29.
Para analistas, a perda de produção pode ser compensada, em parte, com o aumento dos volumes de produção de minério de ferro em Carajás, no Pará. Além disso, o anúncio da Vale já fez com que o preço do minério subisse no mercado internacional, o que também acaba beneficiando a empresa.
“Em meio a toda a tristeza e esforços de resgate em andamento em Brumadinho, a administração da Vale saiu (rapidamente) com um plano sensato para mitigar os riscos e garantir a estabilidade financeira à frente”, disseram os analistas do BTG Pactual, Leonardo Correa e Gerard Roure. Em relatório, a corretora Coinvalores destaca que a iniciativa é positiva, uma vez que pode ajudar na recuperação, ainda que parcial, da imagem da empresa, reduzindo os riscos atrelados a novos rompimentos de barragens.
Em relatório sobre a Vale, o UBS observa que durante encontro com investidores nos Estados Unidos nesta semana, alguns alertaram para o risco de que duas das três maiores agências de classificação de risco rebaixem a mineradora para abaixo do Grau de Investimento. A recomendação da casa para as ações da mineradora segue “neutra”.
“Até agora, Fitch Ratings cortou a nota da Vale para BBB- (último degrau do Grau Investimento) em observação para eventual rebaixamento, enquanto a S&P colocou os ratings da mineradora em revisão, com implicações negativas”, cita o relatório. Na quarta, seguido seus pares, a Moody’s colocou o rating da empresa em revisão para eventual rebaixamento.
No relatório, os analistas Andreas Bokkenheuser, Marcio Farid e Cleve Rueckert destacam o rebaixamento do rating ambiental da Vale pela consultoria Sustainalytics, conforme noticiou o jornal Financial Times. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.