A partir de agora o pão deve ser vendido por quilo. Esta foi a decisão do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitarias do Paraná (Sipcep) em uma assembléia realizada ontem. Para a medida virar lei, o Sipcep pretende apresentar o projeto para a Câmara Municipal de Vereadores. O objetivo é acabar com a venda mascarada de pães, onde o consumidor pensa que está levando para casa uma unidade de 50g, mas na verdade ela pesa 30g ou menos.
O presidente do SIPCEP, Joaquim Cancela Gonçalves, conta que o problema com o peso dos pães já acontecia a algum tempo, mas nos últimos meses, devido a alta do preço do trigo a situação piorou. Uma das primeiras denúncias surgiu há dois meses em Morretes feita por uma associação de donas de casa. Lá, uma senhora comprou 10 pães por um preço inferior ao de mercado, resolveu pesá-los e observou que havia na sacola apenas 300g. Se o pão estivesse com o peso certo, seriam 500g. Joaquim explica que hoje existem duas formas legais estabelecidas pelo Inmetro para a comercialização: por peso ou unidade. No caso da unidade, todos os produtos devem ter 50g. Agora a idéia é acabar com a segunda opção. Dos 1300 donos de padarias em Curitiba, 35 já aderiram ao sistema. A meta é será convencer os outros a aderir a proposta. “O consumidor tem o direito de saber exatamente o que está comprando”, ressalta Joaquim. Ele diz ainda que a prática não vai aumentar o trabalho para os panificadores. “É tudo questão de hábito”, diz.
Mas a medida proposta pelo sindicato divide opiniões. O proprietário Samuel Guedes diz que a pesagem do pão dará mais trabalho. “Quando não tem movimento tudo bem, mas e na hora do apuro?”, questiona. Para ele seria mais fácil descobrir e punir quem não está trabalhando corretamente. Já Antonio Michauski diz que não haverá problemas, pois já vende outros produtos por peso.
Por outro lado os consumidores parecem partilhar a mesma opinião. “Acho certo. Cada um cobra um preço diferente, não tem como a gente não saber se o peso é o mesmo”, diz Marlene Vera Müller Bellé. “É uma boa idéia. A gente vai saber direito o que está levando para casa”, concorda Edson Kalke.
De acordo Joaquim, desde o início do ano o preço do trigo subiu 184%. Ele explica que é difícil precisar exatamente o quanto o pão subiu, já que cada dono de padaria pratica um preço diferente. Ele diz ainda que alguns estavam tentando não repassar a diferença para o consumidor, mas quando a prática se tornou impossível, o aumento acabou sendo significativo. Mesmo assim, estima que a média de aumento foi de 41%.
Com o aumento do preço do pão o presidente do Sipcep avalia que o houve uma redução no consumo. Ele também não soube precisar quanto, mas diz que as famílias mais carentes já começaram a procurar alternativas. “Alguns proprietários dizem que a redução foi de 40%, outros de 10%”, comenta.