Pandemia de gripe impactaria a economia

São Paulo (AE) – O impacto de uma eventual pandemia de gripe aviária na economia mundial seria grande, mas qualquer previsão está sujeita a um alto grau de incerteza, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório divulgado em 28 de fevereiro. O documento, intitulado ?O impacto global econômico e financeiro de uma pandemia de gripe aviária?, foi preparado por um grupo de trabalho constituído para avaliar os efeitos da doença na economia mundial.

Para os especialistas, uma pandemia similar à da gripe espanhola, que matou 40 milhões de pessoas em 1918, provocaria uma forte queda na atividade econômica internacional. Tal retração, porém, seria temporária. Sob esta hipótese, a economia global seria afetada por uma alta taxa de ausência do trabalho. As pessoas se fechariam em suas casas ou por medo da contaminação, ou para cuidar de parentes de doentes, ou simplesmente porque seriam proibidas de sair. Também haveria interrupções no sistema de transporte e de pagamentos e no comércio internacional, o que poderia expor empresas financeiramente vulneráveis ao risco de falência. A indústria do turismo sofreria forte retração e a recuperação seria mais difícil que em outros setores da economia. A demanda por produtos e serviços poderia cair drasticamente e os investimentos seriam suspensos.

O relatório do FMI alerta que uma pandemia de gripe aviária colocaria em risco o sistema financeiro internacional. A repercussão no mercado financeiro poderia superar o impacto econômico. ?Haveria um aumento da aversão ao risco, levando à maior demanda por liquidez, especificamente por papel-moeda e ativos de baixo risco?, diz o documento. Esta ?demanda por qualidade? levaria, ao menos temporariamente, à queda dos preços das ações e ao aumento dos spreads de financiamentos para as empresas e mercados emergentes.

Os preços das commodities cairiam, acompanhando o declínio da demanda, mas isto seria compensado pela potencial interrupção na oferta de matérias-primas capitais, como o petróleo. Embora tais efeitos sejam temporários, a queda dos preços das ações poderia prejudicar os resultados de algumas instituições financeiras. Uma pandemia severa poderia levar a uma significativa, embora efêmera, redução no fluxo de dinheiro para os mercados emergentes, como o Brasil.

Baseados na experiência da Sars (síndrome respiratória aguda grave), que surgiu na Ásia há alguns anos, os especialistas que organizaram o relatório do FMI acreditam que os planos de investimento estrangeiro direto poderiam apresentar poucas mudanças, mas os grandes investimentos poderiam ser adiados.

Segundo o relatório, passada a pandemia, o consumo e a média de horas trabalhadas poderiam até superar os níveis pré-contaminação. O ritmo da recuperação econômica, entretanto, dependeria da confiança dos consumidores e dos homens de negócios. Países com sistemas fiscal e de saúde mais fracos teriam maior dificuldade de recuperação.

O fundo alerta para a necessidade de governos e organizações internacionais se prepararem para uma pandemia de gripe aviária, melhorando sistemas de monitoramento e controle, e desenvolvendo planos nacionais focados principalmente na saúde humana e animal. O FMI avalia que seu papel é complementar tais esforços, aconselhando os membros da instituição sobre políticas macroeconômicas e financiamentos da balança de pagamentos, onde isto for necessário.

Os esforços de curto prazo do FMI estão concentrados em ajudar seus membros a preparar seus sistemas econômico-financeiros para limitar problemas que possam ser causados por uma pandemia. A equipe da instituição já começou discussões com bancos centrais, órgãos reguladores e instituições financeiras para coletar informações.

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