Rio – O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que o Brasil tem uma carga tributária “para ninguém botar defeito”. Segundo ele, os impostos cresceram a uma média de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) na última década, chegando ao pico de 36,5% do PIB num passado próximo e de 24,5% do PIB no governo Central.
Segundo Palocci, o Brasil financiou seus desequilíbrios fiscais de forma insustentável nas últimas décadas, com inflação, endividamento e carga tributária.O ministro lembrou que apenas no ano passado, o país, que havia acabado de sair da crise do setor de energia elétrica, perdeu de US$ 25 bilhões a US$ 28 bilhões numa economia que gerava pouco mais de US$ 450 bilhões. Já os investimentos diretos caíram 45% e a rolagem do setor privado caiu de 91% para 24%.“As empresas não conseguiam rolar seus compromissos e os detentores da dívida não aceitavam a rolagem de longo prazo”, afirmou. Em sua palestra, que encerrou o seminário “2004: A Retomada do Desenvolvimento”, o ministro afirmou que a inflação está “absolutamente sob controle” após o ajuste feito ao longo do ano que fez a taxa medida pelo IPCA projetada para os 12 meses futuros baixas de cerca de 40% em dezembro do ano passado para “5,7%, 5,8%” agora, e reconheceu os efeitos nocivos das políticas monetária e fiscal para o crescimento do país em 2003: “Toda crise mostra sua conta ao longo do ajuste”, disse.
Palocci qualificou de “razoável” o desempenho do Produto Interno Bruto do país diante da crise do ano passado e do ajuste subseqüente e destacou que as bases para a retomada do crescimento estão dadas.
FMI
O ministro da Fazenda disse que é preciso que o país esqueça a macroeconomia e cuide dos investimentos, da geração de empregos e das questões sociais. Ele estava justificando a assinatura do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que, segundo ele, serviu como uma “apólice de seguro” para que os agentes econômicos pensem no desenvolvimento do país.
“No plano pessoal, ganharia alguns pontinhos se não tivesse feito um acordo com o Fundo. Vocês sabem que sou ex-trotskista, fundador do PT”, disse o ministro, acrescentando que entendeu as críticas recebidas quando decidiu pelo acordo.
Mais empregos
Palocci afirmou que no próximo ano o país vai crescer, gerando empregos e inclusão social. Além disso, segundo ele, os indicadores atuais já mostram que a recuperação econômica está acontecendo.
“Os dados nos oferecem condições de afirmar com muita segurança que 2004 será um ano de crescimento.” O ministro disse ainda que a trajetória de queda dos juros deverá continuar.
“Temos uma política monetária com viés (tendência) de baixa (do juro). Não é uma política monetária pisando no freio. Tudo indica que ela vai continuar nessa trajetória.”
Sobre a reforma tributária, o ministro classificou-a de “muito complicada”, onde “todo mundo tinha razão”, mas garantiu que não haverá aumento da carga de impostos.
