Palocci pede a países do G7 que abram suas economias

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, destacou a necessidade de abertura da economia dos países mais ricos do mundo para as nações em desenvolvimento, durante um café da manhã, ontem, na reunião do G7 (o grupo dos países mais ricos do mundo) e das cinco "potências emergentes" convidadas (Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul). Palocci também disse que os países em questão precisam colocar em prática suas promessas de ajuda ao desenvolvimento.

Para o Brasil, a abertura dos mercados dos países ricos é "ponto fundamental", sobretudo no setor agrícola.

O ministro adiantou que o país vai apresentar em breve um novo sinal de sua disposição de abertura comercial, sem dar maiores detalhes.

"Entretanto, esperamos encontrar nos países ricos uma disposição mais avançada em termos de abertura dos mercados", disse Palocci.

O Brasil também deve sugerir aos ministros dos países ricos que dêem demonstrações de vontade de negociar para concluir a rodada de Doha antes do final de 2005.

Essa é a primeira vez que Brasil, China, Índia e África do Sul participam de uma reunião do G7. O grupo é formado pelos Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá e Itália, e representa 50% do comércio mundial.

Dólares

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse na sexta-feira à noite, em Londres, onde está para o encontro dos ministros de finanças do G-7, que o Banco Central (BC) poderá intensificar sua estratégia de aquisição de dólares para elevar as reservas internacionais e melhorar o perfil da dívida pública. Palocci disse que a valorização do real em relação ao dólar está sendo causada pela melhora dos fundamentos da economia brasileira, o que qualificou como "saudável".

Além disso, disse o ministro, a queda do dólar no Brasil também estaria acompanhando um movimento de ajuste internacional do câmbio. "Diante disso, não há ação do BC brasileiro capaz de fazer alguma modificação", acrescentou Palocci. "Seria ilusório de nossa parte achar que a mobilização de alguns milhões que fazemos para construir nossas reservas possa modificar a circulação de trilhões de dólares no mundo", observou.

"O que podemos fazer, e estamos fazendo, numa situação dessa é uma ação do BC para melhorar as nossas reservas e o perfil da dívida do País", afirmou. "Se esse momento é mais favorável para isso, vamos fazer isso com mais intensidade", referindo-se às atuações da autoridade monetária no mercado de dólar.

O ministro reiterou que, todas as vezes que o Banco Central compra dólares no mercado à vista, o objetivo é melhorar o perfil da dívida brasileira e não estabelecer um piso ou um teto para a cotação da moeda americana. "Vamos manter a linha de câmbio flutuante. Câmbio flutuante é o melhor para o País."

Segundo Palocci, no ano passado houve um temor de que a valorização do real tivesse efeito negativo sobre as exportações brasileiras nesse início de 2005. Ele observou, no entanto, que o resultado da balança comercial em janeiro deste ano "foi muito razoável" e superou o do mesmo período de 2004.

Palocci voltou a defender a política monetária do Banco Central. "A inflação é um veneno para o crescimento, e o BC está fazendo o melhor para o País", declarou. O ministro também voltou a afirmar que ainda não há nenhuma decisão do governo brasileiro sobre uma renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Vamos conversar com o FMI sobre isso em março."

Ele adiantou que o Brasil pretende, nos próximos anos, adquirir o direito de participar de um G-7 ampliado, e não apenas como convidado para os encontros do clube dos sete países mais ricos do mundo. "Uma das mensagens que queremos dar nessa reunião é que nós agradecemos muito o convite, mas a nossa expectativa para os próximos anos é que não venhamos como convidados, mas com direito adquirido de participação", afirmou. "Espero que o Brasil seja, por direito, um membro do G-10 ou G-11", complementou.

Participam do encontro dos ministros de Finanças do G-7, além dos sete países mais ricos, representantes da China, Índia, África do Sul e Brasil. Segundo Palocci, o Brasil, a exemplo de outros emergentes que participam da reunião, é um país "com potencial extraordinário".

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