São Bernardo do Campo – O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou que o País não passa por uma recessão e “não há hipótese” de não haver crescimento ainda este ano. A fórmula para isso, esboçada ontem por ele em um debate promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), é transportar o modelo bem-sucedido do agronegócio para outras áreas da economia, ou seja, associar financiamento, investimento em tecnologia e desoneração dos bens de capitais. “Não há por que não dar certo, disse Palocci. O desafio do governo, segundo o ministro, é saber se essa estratégia pode aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) em 5% ou 6% ao ano.
O principal gargalo para o desenvolvimento apontado pelos empresários, a infra-estrutura, não é um problema de curto prazo para o País, afirmou Palocci. Segundo ele, a capacidade ociosa da indústria e do setor elétrico suportam aumento de até 3% do PIB, sem necessidade de investimentos. “Mas não vamos esperar crescer os 3% para pensarmos nos gargalos”, advertiu o ministro.
As declarações de Palocci foram uma resposta às cobranças sobre o modelo de desenvolvimento para o País feitas pelos outros debatedores: o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o presidente da CUT, Luiz Marinho. O debate fez parte das comemorações dos 20 anos da central.
Provocado por Piva, Belluzzo e Marinho, o ministro disse que o Brasil não está “no fundo do poço”, já que as exportações e agropecuária apresentam bom desempenho. “Como falar em recessão com esses setores crescendo?”, questionou o ministro. “Sair da crise sem perder PIB já é uma grande notícia”, afirmou, citando países que passaram por crises graves, como México, Malásia e Indonésia, e tiveram retração do PIB. “O que temos é uma assimetria do processo produtivo: empresas que se voltam ao mercado externo têm resultados expressivos; agora, quem atua no mercado interno encontra problemas reais.”