Países ricos têm de ceder nas negociações

Brasília (ABr) – ?A agricultura é o motor da Rodada (de Doha)?, afirmou o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, durante debate com parlamentares na Câmara dos Deputados. O Brasil participa das negociações da Rodada de Doha iniciada na cidade de mesmo nome, capital do Qatar, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Com a rodada, a OMC pretende aprovar uma série de acordos internacionais para promover o chamado ?livre comércio?.

Segundo Amorim, além desse setor, as negociações da próxima rodada girarão em torno de outros quatro temas, como: serviços, bens não-agrícolas, regras e desenvolvimento, como um tratamento diferenciado aos países em desenvolvimento. ?Não quero diminuir a importância de nenhuma dessas áreas. Não são temas que estão predominantemente em jogo, mas que, no fim da rodada, podem ressurgir?, afirmou.

Celso Amorim acrescentou que os serviços têm aumentado a sua importância nas negociações internacionais. Nesse ponto, o objetivo, segundo ele, é preservar a flexibilidade dos países em desenvolvimento, excluir das negociações comerciais setores de políticas públicas como educação e saúde, e incluir a questão do dumping (prática que consiste em vender mercadorias abaixo do preço de mercado) nas negociações da área de serviços.

Segundo o ministro, a preocupação brasileira gira em torno da troca de facilidades entre os países. ?Países desenvolvidos sempre procuram nos convencer que a virtude é sua própria recompensa, que a liberação é a sua própria recompensa, mas eles não praticam essa máxima?, declarou Amorim.

As facilidades têm relação com a eliminação de subsídios, que tornam a competição injusta para os países em desenvolvimento. Celso Amorim disse que o Brasil busca eliminar os subsídios à exportação no menor tempo possível; os subsídios internos que geram efeitos no mercado internacional e aumentar o acesso ao mercado com a redução de barreiras tarifárias.

O ministro participou do seminário ?A oferta brasileira sobre o comércio de serviços?, em que debateu com parlamentares questões referentes à Rodada de Doha e ao comércio mundial. Ele ressaltou a importância do debate, da participação da sociedade e suas conseqüências para o comércio. ?A vigilância pela sociedade civil e o Congresso Nacional é instrumento que fortalece a nossa posição negociadora?, considerou.

A próxima reunião ministerial da OMC, como parte da Rodada de Doha, acontece em dezembro, em Hong Kong.

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