Os países que compõem o grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) querem a manutenção das políticas de estímulo econômico e avaliam que ainda não é o momento para a adoção de estratégias de saída da crise. A posição foi anunciada após a reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do grupo, realizada hoje em Londres. “É muito cedo para declarar o final da crise”, diz o comunicado do encontro. O grupo avalia que, apesar dos sinais de melhora, a economia global ainda enfrenta grandes incertezas e que a recuperação requer uma base mais sólida. “Vamos continuar com as medidas anticíclicas em nossos países”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que presidiu a reunião.

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O ministro de economia da China, Xie Xuren, lembrou que o comércio internacional ainda está em queda e os desafios prosseguem. “A recuperação não está firmemente estabelecida.” Para o ministro da Rússia, Alexey Kudrin, é possível falar sobre estratégias de saída, mas não implementá-las agora. O país foi o que mais sofreu com a crise entre os Bric, ao registrar queda de 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, abalado especialmente pela queda das receitas com o petróleo. “Em 2010, ainda precisaremos de medidas tangíveis para manter a demanda.”

Segundo Mantega, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, concorda com a avaliação dos Bric. Ele participou do final da reunião do grupo e colocou a atual situação dos Estados Unidos, além de discutir formas de reforço para o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não tomou parte nas resoluções sobre o comunicado, esclareceu o ministro brasileiro. Conforme Mantega, Geithner concorda que é prematuro reverter agora os estímulos de combate à crise, que estão sendo responsáveis pela recuperação econômica.

Os países europeus, como França e Alemanha, no entanto, já começam em falar em estratégias de saída, preocupados com os elevados déficits públicos. Para o ministro brasileiro, o crescimento econômico será responsável por reduzir a relação entre dívida e PIB dessas nações.

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FMI

Os Bric aportarão US$ 80 bilhões no FMI e pressionam por uma redistribuição das cotas da instituição, de forma a refletir o novo poder econômico dos emergentes. Do total, US$ 50 bilhões já foram colocados pela China e os demais entrarão com US$ 10 bilhões cada. Existe uma discussão sobre qual será o instrumento usado para fazer o aporte. Os Bric preferem aderir aos novos títulos criados pelo fundo, que possuem prazo mais curto e podem ser revisados com maior frequência. Dessa forma, os emergentes teriam maior poder de influência nas decisões, explicou Mantega.

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Já os Estados Unidos querem que os Bric utilizem o chamado NAB (New Arrengements to Borrow), criado durante a crise asiática. Mantega disse que os emergentes não se sentem confortáveis com esse mecanismo, que possui prazo mais longo, de cinco anos, por temerem um engessamento do processo de revisão das cotas. O tema foi discutido com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, que participou do final da reunião dos Bric hoje.