O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse ontem, durante as comemorações do aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo, que é preciso “parar e observar” os movimentos da economia brasileira antes de se promover uma nova redução na taxa básica de juros do País. Ele também comparou o corte na taxa Selic, que hoje está em 16,5% ao ano, a uma dieta.
“O Copom, tendo feito uma redução de dez pontos percentuais – de 26,5% para 16,5% ao ano – nos juros básicos, ele tem que em determinados momentos parar e olhar os efeitos dessa política monetária”, afirmou.
Palocci disse que o governo prevê um crescimento de 3,5% para a economia neste ano e que, em 2005, esse percentual pode chegar a 4% ou 5%.
“Se você andar pelas fábricas do Brasil neste momento você vai ver fábricas produzindo 5% a mais que em janeiro passado, 10%, 20%, 30% a mais que em janeiro passado. É esse processo de crescimento que vai ser restabelecido”, afirmou. “Nós vamos crescer 3,5% neste ano, e vamos crescer no ano que vem 4% ou 5%.”
Palocci afirmou que os feitos das reduções na taxa Selic promovidas pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em 2003 ainda não se refletiram completamente na economia.
“Se você fez nos últimos sete meses uma redução de dez pontos nos juros da taxa básica, a repercussão dessas medidas ainda não se deu integralmente, então é correto que você olhe e observe como vai andar a economia para tomar as próximas decisões.”
Dieta
O ministro comparou a redução dos juros a uma dieta, ao explicar por que não é possível manter neste ano o ritmo de corte na taxa em 2003.
“É como numa dieta: se você faz uma dieta saudável, buscando perder 15 quilos, no primeiro mês você pode perder 5. Para os outros 5, você vai precisar de uns quatro meses. E para os últimos 5, você às vezes precisa de mais de um ano”, afirmou. “Neste ano, não é possível repetir os dez pontos do ano passado.”
Palocci disse que o Copom entrou agora em uma fase em que as mudanças na taxa de juros são apenas “um ajuste mais fino”.
O ministro lembrou que na nota divulgada após a última reunião do Copom, o BC afirmou que a decisão de não mexer na taxa de juros era apenas “temporária”.
“Não há razão para preocupação. Tenho certeza de que a tendência da política monetária continua a mesma”, afirmou Palocci.
Palocci também afirmou que o governo vai ampliar as verbas sociais neste ano – tanto no que se refere à Bolsa Família como em relação à lei orgânica da Assistência Social – em torno de R$ 10 milhões.
Juro a 13% ao ano
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu ontem, em São Paulo, paciência em relação ao ritmo de queda dos juros básicos da economia.
“Temos que olhar a economia o ano todo, não só em janeiro. Temos ainda 3 ou 4 pontos percentuais de juros para baixar durante o ano. Portanto, não devemos e não podemos ficar ansiosos porque o juro não baixou na primeira reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central)”, afirmou Dirceu.
Atualmente os juros básicos da economia (taxa Selic) estão em 16,5% ao ano. Ou seja, para Dirceu, a taxa pode cair para 12,5% neste ano.
Para ele, a redução dos juros depende de muito fatores. “Temos de olhar a situação internacional, o quadro todo da política econômica e todos os indicadores industriais”, comentou.