País tem chance de sair bem da crise, diz diretor do BC

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, disse nesta quinta-feira, 08, que se o Brasil mantiver suas políticas e estabilidade tem chances de sair bem da crise financeira global. Segundo ele, estudos projetam que o crescimento mundial vai ser menor que no período pré-crise e que mesmo instrumentos não convencionais podem ser insuficientes para alavancar o crescimento. Neste início de tarde, ele participa de um almoço da Câmara de Comércio França-Brasil, em São Paulo.

Na avaliação do diretor do Banco Central, “a deterioração nos emergentes levou a pessimismo diante da falta de reformas estruturais”. “Nos emergentes, os fundamentos se deterioraram em espiral nos últimos tempos”, comentou. Awazu também afirmou que os temores sobre “formas novas e antigas de populismo econômico” são legítimos.

Awazu afirmou que a retomada do crescimento da economia dos Estados Unidos acontece de maneira gradual e que é provável que a economia da China venha a desacelerar. “Mas não se trata de prelúdio anunciado de crise nos países emergentes”, ponderou durante almoço da Câmara de Comércio França-Brasil, em São Paulo.

“Teremos que avaliar se medidas macroprudencias terão utilidade (no período pós-crise)”, afirmou. Segundo ele, o Brasil previa a desaceleração da economia chinesa e se preparou para isto. Na avaliação do diretor do BC, é preciso crescer mais explorando bolsões de produtividade. “Temos que ser vigilantes e firmes na manutenção da estabilidade macroeconômica”, disse. “Teremos um mundo difícil, que vai demandar ausência de complacência”.

O diretor destacou durante sua palestra em São Paulo a deterioração das expectativas nos últimos meses e o aumento do pessimismo em relação à economia brasileira. Ele associou o pessimismo ao anúncio, em maio do ano passado, pelo então presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, sinalizando que começaria a retirada de estímulos da economia norte-americana. “o tapering está produzindo processo de reprecificação de ativos nos emergentes, o que é normal, previsível, gerenciável”, comentou.

A boa notícia, segundo Awazu, é que já começa a haver uma convergência de pensamentos ou sugestões de novas propostas de parte dos economistas para auxiliar a saída do complexo momento pós-crise. “Temos muitos desafios, mas o setor produtivo nacional ainda enxerga o mercado robusto”, comemorou o diretor.

Inflação

Perguntado pelo economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, sobre qual seria sua visão sobre a resistência da inflação em um cenário de crescimento decepcionante, Awazu reiterou que o Banco Central tem tomado medidas para não deixar a inflação superar o teto da meta e lembrou que existe estoque de efeitos defasados do aumento da taxa de juros “que deve tocar a inflação mais para a frente”. Ele afirmou também que as commodities passam por um momento de transição de preços e que tal movimento é benigno porque eleva as cotações das matérias-primas, o que ajuda nas exportações brasileiras sem se constituir em um movimento de transmissão de inflação.

Ainda de acordo com Awazu, apesar do cenário complexo, as relações do Brasil com a China possuem características idiossincráticas. Por isso, na visão dele, a desaceleração da economia chinesa afetará pouco a economia brasileira dadas as características das importações da China, concentradas em soja e minério de ferro.

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