As concessionárias vazias e os pátios lotados de carros no Brasil são evidentes nos balanços das grandes montadoras, que já registram queda de dois dígitos nas vendas na América Latina e citam o mercado brasileiro como principal responsável pelo resultado ruim. No terceiro trimestre, a Fiat vendeu 17 mil carros a menos no Brasil e a Ford prevê prejuízo de US$ 1 bilhão na América do Sul em 2014.

continua após a publicidade

Grandes montadoras divulgaram balanços nos últimos dias com avaliações otimistas diante da reação das vendas em grandes mercados como Estados Unidos, Europa e China. Essas multinacionais, porém, demonstraram desapontamento com o desempenho das filiais na América Latina, especificamente no Brasil. Com a economia patinando e com a falta de confiança dos consumidores, a queda das vendas é expressiva.

Líder do mercado brasileiro, a italiana Fiat destacou na divulgação de balanço no terceiro trimestre que o faturamento na América Latina caiu 12% no período na comparação com o mesmo período de 2013. Para explicar o resultado, a empresa apontou para o Brasil, onde foram entregues 17 mil carros a menos este ano, e para a Argentina, onde o número caiu 8 mil. Isso reflete a piora das condições de comercialização do mercado, disseram os executivos da companhia em teleconferência com investidores.

Na norte-americana Ford, a queda nas vendas na região já gera prejuízo. No terceiro trimestre, a empresa reportou perda antes dos impostos de US$ 170 milhões na América do Sul. Culpa da queda das vendas no Brasil, na Argentina e na Venezuela, que fizeram a receita recuar 18% no período. Para o ano, a empresa já prevê prejuízo de US$ 1 bilhão na região.

continua após a publicidade

O presidente executivo da Ford, Mark Fields, atribui o fraco resultado à deterioração das condições da economia e cita atividade desaquecida, inflação alta e desvalorização cambial. “O Brasil está em recessão por conta da incerteza política gerada pelas eleições. O crescimento negativo também é esperado na Argentina e na Venezuela, com riscos políticos e de câmbio no momento”, disse em teleconferência.

Maior montadora dos EUA, a General Motors registrou queda de 27% das receitas e recuo de 20% nas vendas na América do Sul no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2013. O vice-presidente e diretor financeiro da GM, Chuck Stevens, destacou em teleconferência que a piora das vendas no Brasil, na Venezuela e na Argentina levaram o faturamento da montadora a cair US$ 900 milhões na América do Sul no terceiro trimestre.

continua após a publicidade

“O setor automobilístico inteiro no Brasil está enfrentando ventos contrários. As condições do mercado na América do Sul têm sido desafiadoras”, disse o executivo. No terceiro trimestre, por exemplo, a desvalorização das moedas locais teve um impacto negativo de US$ 300 milhões na receita, destacou Stevens.

Na francesa Renault, o faturamento no Brasil caiu 9% no acumulado dos nove primeiros meses. A queda vista no mercado brasileiro, no entanto, foi menor que a registrada na Argentina, onde as cifras caíram 25,7% após medidas adotadas pelo governo para restringir importações e aumentar impostos.

Projeção da consultoria Euromonitor prevê que o mercado brasileiro de automóveis deve terminar o ano com 3,25 milhões de unidades registradas, volume 9,1% menor que o do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.