Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Flavio Castelo Branco, da CNI: investimentos não estão ocorrendo. |
O aumento dos gastos públicos e a queda do ritmo das exportações podem comprometer o desempenho da economia brasileira. O alerta está no boletim Informe Conjuntural do segundo trimestre deste ano, divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Conforme o estudo, a aceleração do crescimento econômico depende do incremento dos investimentos públicos, o que infelizmente não vem ocorrendo.
?O investimento público em infra-estrutura gera externalidades positivas e tem efeito de ampliar a produtividade da economia, pois aumenta a capacidade logística e é indutor de oportunidades no setor privado?, dizem os técnicos da CNI. Entretanto, a expansão da capacidade de poupança pública e, conseqüentemente, dos investimentos necessários ao crescimento da economia, depende da redução dos gastos correntes do governo, adverte o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
As despesas do governo cresceram 9,6% de janeiro a maio deste ano em relação a igual período de 2005. ?Esses gastos devem se intensificar no segundo semestre, com o aumento dos benefícios previdenciários e da folha de salários do governo?, avalia Castelo Branco. Com o crescimento das despesas, o setor público consolidado deve fechar o ano com um superávit primário de 4,15% do Produto Interno Bruto (PIB).
Outro fator que preocupa é a redução do ritmo de crescimento das exportações. O estudo da CNI revela que os recordes de exportação registrados pela balança comercial brasileira se devem ao avanço dos preços no mercado internacional e não ao aumento do volume embarcado. No segundo trimestre de 2006, o volume exportado pelo Brasil caiu em média 2,5% em relação ao mesmo período de 2005, enquanto que os preços aumentaram 10,5% na mesma comparação. ?Os bons preços de venda ocultam a queda no dinamismo do volume das exportações?, afirma o boletim da CNI.
Além disso, as importações, impulsionadas pela recuperação da economia e pela desvalorização do dólar frente ao real, crescem em um ritmo superior ao das exportações. No primeiro semestre deste ano, as importações aumentaram 21,6%, enquanto que as exportações tiveram expansão de 13,5% em relação ao mesmo período de 2005. Por isso, a CNI reduziu para US$ 40 bilhões a estimativa de superávit comercial neste ano. No Informe Conjuntural de abril, a previsão era de um saldo positivo de US$ 41 bilhões.
Apesar dos riscos, a CNI mantém a previsão feita em abril de que a economia brasileira crescerá 3,7% e o PIB industrial terá uma expansão de 5% neste ano. O balanço do primeiro semestre indica que, embora esteja se expandindo num ritmo inferior ao dos demais países emergentes, a economia brasileira terá em 2006 um desempenho um pouco melhor do que o de 2005.
De acordo com Castelo Branco, o crescimento deste ano será impulsionado pelo consumo interno, que vem sendo embalado pela redução dos juros, as melhores condições de crédito, o aumento da renda das famílias e do emprego. Outro fator que contribui para a expansão do Brasil é o bom desempenho da economia mundial, especialmente da China e dos Estados Unidos. Esses fatores não devem enfrentar mudanças bruscas até o final do ano.