O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou hoje que é possível que o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, registre resultado nominal zero até 2014. “Eu acho que sim. Depende de muitas razões, como a velocidade que será possível reduzir juros”, comentou. “Mas a sustentação firme de um superávit (primário) de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) ou ao longo do tempo ou um pouco acima leva a quase zerar o déficit”, comentou.
O superávit primário representa a economia feita para o pagamento dos juros da dívida pública. Quando o superávit primário não é suficiente para pagar os juros, é gerado um déficit nominal – como ocorre hoje. Para atingir um resultado nominal zero, é preciso que o superávit seja suficiente para pagar os juros da dívida.
Segundo Coutinho, além do compromisso de fazer um controle fiscal rigoroso, outro fator que vai colaborar para a queda do déficit nominal é o ritmo de expansão da economia nos próximos quatro anos, que segundo ele deve variar de 4,5% a 5%. “Temos a sinalização clara da presidente eleita e do ministro da Fazenda de que o desempenho fiscal brasileiro será satisfatório”, afirmou. “A relação dívida/PIB vai cair, o superávit fiscal será mantido de forma consistente no ano que vem e nos anos seguintes de tal maneira a criar condições para a redução da taxa de juros no Brasil no médio prazo”, disse.
Juros
O presidente do BNDES afirmou ainda que as condições econômicas no Brasil permitem que, no médio prazo, as taxas de juros caiam e fiquem mais próximas de padrões internacionais. “O Brasil inteiro, a sociedade, o sistema empresarial brasileiro, todo mundo quer escapar dessa sina do juro alto demais. Não tem razão para uma economia com fundamentos tão bons manter o juro anomolamente alto”, comentou. A taxa de juros real (descontada a inflação) no País medida pelo critério ex-ante (antes do evento) está perto de 5,8% ao ano, enquanto o juro real é negativo nos EUA, na zona do euro, no Japão e na Inglaterra.
Coutinho destacou que a questão relativa à queda dos juros é de médio prazo, embora seja uma atribuição exclusiva do Banco Central (BC). “O BC tem que cuidar da inflação. Ele vai cuidar da inflação”, afirmou. Segundo ele, a redução dos juros no horizonte de médio prazo é viável na medida em que consolida-se as expectativas (inflacionárias), reforça-se o compromisso com a estabilidade e o compromisso com a saúde fiscal do País. “Assim, criam-se condições para dar passos adicionais” para a redução da Selic (a taxa básica de juros da economia).