Brasília  – O diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, afirmou ontem que não há necessidade de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para equilibrar as contas externas do Brasil em 2004. Para ele, as condições no mercado internacional são favoráveis e o Brasil deverá ter um déficit em transações correntes (exportações, importações, viagens, juros, remessa de lucros) de US 6,3 bilhões em 2004 que poderão ser financiados pela entrada de US$ 13,5 bilhões em investimentos diretos estrangeiros.

Para 2003, Bevilaqua disse a estimativa do BC para o déficit corrente está em US$ 1,2 bilhão e os investimentos também podem ficar acima dos US$ 10 bilhões estimados neste ano. Neste cenário, há uma sobra de moeda estrangeira no mercado brasileiro. O que vai pesar no financiamento externo em 2004 serão os vencimentos da dívida externa, que devem subir de US$ 27,1 bilhões, em 2003, para US$ 40,6 bilhões no próximo ano. Segundo o BC, o aumento se deve ao grande volume de captações feitas de curto prazo no exterior em 2002 de empresas privadas.

Para Afonso Bevilaqua, o déficit corrente em 2004 crescerá devido à retomada do crescimento da economia que exigirá mais importações. Nas contas do BC, o superávit comercial deverá cair de US$ 20,5 bilhões, em 2003, para US$ 16,5 bilhões. As exportações podem passar de US$ 68,5 bilhões para US$ 71,5 bilhões, e as importações de US$ 48 bilhões para US$ 55 bilhões. Bevilaqua enfatizou que o aumento do déficit não será um obstáculo ao crescimento. Ou seja, crescer mais não aumenta o desequilíbrio das contas externas que, por sua vez, não pressionará o câmbio e a inflação.

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