País não pode ser vítima do câmbio

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, discordou de empresários que defendem a adoção de controle de capitais e quarentena para recursos estrangeiros que ingressam no País apenas para aproveitar a arbitragem de juros. “Acredito que o governo tem de buscar primeiro medidas menos agressivas. Depois, se não houver outro jeito, adotar medidas mais fortes”, disse.

“O que nós não podemos é nos conformar com uma trajetória que transforma o Brasil em vítima da apreciação cambial”, comentou Coutinho. Ele frisou que não gostaria de fazer comentários específicos sobre que tipos de medidas seriam estas para conter a apreciação do real num contexto de guerra cambial internacional. “Existem instrumentos tanto de regulação, quanto na esfera da tributação. Há também instrumentos de natureza legal, restrições e iniciativas operacionais”, disse. “A combinação de instrumentos variados é que vai permitir essa capacidade de resistir à tendência de apreciação continuada.”

Coutinho disse que o governo brasileiro está atento à valorização do câmbio e já está agindo para coibir o fortalecimento do real ante o dólar. “As autoridades brasileiras já estão atentas, já tendo mobilizado várias iniciativas e instrumentos”, declarou. “Elas certamente continuarão resistindo, mobilizando um arsenal de instrumentos para evitar uma tendência de apreciação continuada da taxa de câmbio.”

Coutinho disse que é “uma arte” determinar o momento adequado para decidir quando devem ser adotadas medidas cambiais. “Se você quer enfrentar o bicho bravo quando ele vem num impulso muito grande é preciso achar a hora certa. É como o toureiro que tem de enfrentar o touro na hora certa.”

Luciano Coutinho participou hoje do lançamento da Sala de Inovação, canal do governo que reúne três ministérios para negociação e articulação de projetos de inovação no setor industrial, no escritório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo.

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