O País ganhou 838 mil novos desalentados no período de um ano. Em apenas um trimestre, 202 mil pessoas a mais aderiram à situação de desalento. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora a desocupação esteja menor em relação a um ano atrás, a geração de vagas não acompanhou o avanço na população em idade de trabalhar. A taxa de desemprego deixou de aumentar porque cresceu também o desalento, aquelas pessoas que não procuram emprego porque acreditam que não conseguiriam uma vaga, por exemplo.
A população desalentada alcançou o patamar recorde de 4,833 milhões de pessoas no segundo trimestre deste ano, um avanço 21% em relação ao segundo trimestre do ano passado. O desalento atingiu o maior patamar da série histórica, iniciada em 2012, em 11 Estados, entre eles São Paulo, com 467 mil pessoas nessa situação, e Rio de Janeiro, onde há 101 mil desalentados.
“A probabilidade de uma pessoa desistir de procurar emprego está muito relacionada ao tempo que ela ficou procurando emprego. E algumas nem para a fila do desemprego vão”, lembrou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Azeredo lembra que a dificuldade de outros integrantes da família de conseguir uma vaga ou notícias na mídia sobre o desemprego elevado já influenciam a percepção das pessoas sobre a dificuldade de encontrar um trabalho. Desde o início da crise, em 2014, o número de pessoas procurando trabalho há mais de dois anos aumentou 162%, para o montante recorde de 3,162 milhões de desempregados nessa condição.
A população inativa, formada por pessoas em idade de trabalhar que nem têm emprego nem procuram uma vaga, alcançou o recorde de 65,642 milhões no segundo trimestre de 2018. Desses, 8,162 milhões são considerados força de trabalho potencial, porque poderiam ou gostariam de trabalhar caso surgisse uma vaga. “Sessenta por cento de quem está na força de trabalho potencial está desalentado”, apontou Azeredo.