Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que o Brasil fechou o primeiro semestre de 2008 como importador líquido de petróleo e derivados, o que confirma a dificuldade que a Petrobrás enfrenta para sustentar a auto-suficiência nacional na produção de petróleo. Segundo a ANP, o País importou uma média de 97,9 mil barris por dia a mais do que exportou nos primeiros seis meses do ano. Trata-se da primeira vez, desde a conquista da auto-suficiência, em 2005, que o País fecha um semestre com saldo negativo no volume de importações.

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As estatísticas da agência, que usa como base números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divergem dos dados divulgados pela estatal na semana passada. Segundo a empresa, a auto-suficiência teria sido retomada com o crescimento da produção no segundo trimestre. A balança comercial da companhia, disse o diretor financeiro, Almir Barbassa, fechou o semestre positiva em 27 mil barris por dia.

Diferenças

Há basicamente duas principais diferenças entre os dados. A primeira refere-se ao fato de a Petrobrás não contabilizar importações de petróleo e derivados por terceiros – o setor petroquímico, por exemplo, importa grande parte da nafta que utiliza. A segunda, diz a Petrobrás, é que a Secex contabiliza apenas operações contabilizadas pela Receita Federal, procedimento que pode demorar até 60 dias.

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Segundo os dados da Secex, o Brasil importou um total de 129,779 milhões de barris no primeiro semestre (sendo 73,989 milhões de barris de petróleo e 55,790 milhões de barris de derivados). Já as exportações no período somaram 111,864 milhões de barris (59 104 milhões de barris de petróleo e 52,760 milhões de barris de derivados). Juntando petróleo e derivados, o déficit totaliza 17 915 milhões de barris. Do ponto de vista financeiro, os déficits são recorrentes, uma vez que os produtos importados são mais caros do que aqueles que o Brasil vende ao exterior. Este ano, o mercado estima que o déficit chegue a até US$ 8 bilhões.

As dificuldades para o fechamento positivo da balança devem-se ao forte ritmo de crescimento do consumo, que chegou perto dos 10% no primeiro semestre. Só as vendas de diesel cresceram 10,7% no período – o Brasil sempre foi importador de diesel, uma vez que o petróleo nacional costuma produzir derivados mais pesados. A produção de petróleo, porém, cresceu apenas 2,7% nos primeiros seis meses do ano, atingindo 1,794 milhão de barris por dia.

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