O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse na noite de sexta-feira (14) que o Brasil está bem preparado para enfrentar uma nova onda da crise internacional se a situação na Europa se agravar. No entanto, segundo Meirelles, um possível risco para o Brasil seria uma eventual dificuldade de financiamento com aumento do custo para contrair empréstimos e a elevação da aversão ao risco.

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Meirelles participou do 12º Seminário Anual de Metas de Inflação, promovido pela instituição no Rio de Janeiro. Ele destacou que em qualquer região que tenha um problema, é preciso observar se haverá uma queda na atividade econômica que possa afetar o comércio e a exportação.

O presidente do BC afirmou que é prematuro fazer qualquer prognóstico sobre a extensão da crise na Europa. “O fato é que o Brasil está bem preparado”, disse ao citar as políticas de combate à crise, com a conjugação de estabilidade de preços, inflação na meta, câmbio flutuante e reservas elevadas.

Sobre a volatilidade nos mercados financeiros, Meirelles disse ser normal, uma vez que o pacote de ajuda de cerca de US$ 1 trilhão para os países afetados pela crise foi anunciado há apenas cinco dias. “É normal que haja uma certa volatilidade nos mercados. Vamos aguardar”.

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Meirelles respondeu às críticas que têm sido formuladas quanto à retomada de aumento da taxa de juros, ele afirmou que “este tem sido um aumento da taxa de juros dos mais pacíficos dos últimos sete anos”. O presidente indicou que atualmente é consenso entre os formadores de opinião que a economia necessita de um ajuste. E que o corte de gastos governamentais, anunciados ontem (13), vai nessa direção.

“O importante é que cresçamos de forma equilibrada, responsável, que não gere desequilíbrios futuros, como muitas vezes já aconteceu no passado”, comentou, aludindo ao problema dos chamados “vôos de galinha”, em que o país apresentava surtos alternados de crescimento e de desaquecimento da economia.

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Segundo Meirelles, o Brasil está crescendo de forma sustentável desde 2003, com apenas um intervalo no ano passado devido à crise. A expectativa do presidente do BC é que o país seguirá crescendo nos próximos anos. “Tenho certeza que a população apóia que nós mantenhamos a responsabilidade”.