O Brasil deve ter crescimento zero no primeiro trimestre deste ano, avaliou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele, no entanto, evitou falar em recessão técnica – quando o Produto Interno Bruto (PIB) registra queda por dois trimestres consecutivos. “Não sei se vai ter queda no primeiro trimestre. Eu acho que o mais provável é que fique no zero a zero. A gente não cresce e nem cai. Vai ficar ali pertinho de nada”, afirmou em entrevista à Agência Estado.

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Bernardo acredita que o Brasil já tem as condições para crescer fortemente no segundo trimestre. “A nossa aposta é que nós temos condições de retomar o crescimento já neste trimestre e chegar no fim do ano com um ritmo bom de crescimento”, afirmou. O governo projeta uma expansão da economia de 2% em 2009, apesar das previsões do mercado de PIB negativo.

 

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Assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Paulo Bernardo criticou a previsão divulgada esta semana pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de uma retração da economia brasileira de 1,3% este ano. Ele também reclamou das estimativas do mercado financeiro, detectadas no relatório Focus do Banco Central, que apontam para uma queda de 0,49% no PIB. “É uma projeção conservadora e feita à distância. O FMI não tem esta estrutura aqui para fazer medição de PIB. Eles estão fazendo projeção como o Focus. No começo do ano, começam com uma projeção conservadora e vão ajustando conforme os resultados de cada mês ou bimestre. A verdade é que nos últimos três anos eles correram atrás dos acontecimentos”, criticou.

 

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Segundo o ministro, o governo tem acertado mais nas suas projeções do que o mercado. “A qualidade da nossa projeção não pode ser considerada menor que a da Focus ou do FMI. Porque não existe este radar tão afinado na economia brasileira para fazer esta projeção e ter essa autoridade toda”, completou. Na quinta-feira, Mantega afirmou que o crescimento da economia brasileira será pequeno, mas positivo, mais próximo da Índia e da China.

 

Bernardo lembrou que o governo adotou medidas para garantir a retomada do crescimento econômico, como as desonerações tributárias para setores da economia e a redução do superávit primário (economia para pagamento de juros). Segundo ele, as medidas visam reverter o resultado ruim do primeiro trimestre – a produção industrial caiu 17,2% no primeiro bimestre ante igual período do ano passado. “Os programas que nós lançamos, fazendo desonerações, é porque avaliamos que é melhor abrir mão um pouco de receita agora e apostar que o crescimento econômico vai nos trazer de volta essa receita”, explicou.

 

Mas assim como a Receita Federal, o ministro disse que o espaço ficou “exíguo” para novas rodadas de redução de tributos. “Espero que tenha acabado. Toda vez que o Guido vem com as novidades, a gente tem que acertar o Orçamento.” Ele disse que não há uma decisão se a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis novos será prorrogada novamente. O benefício acaba no final de julho. “Isso vai ter que ser avaliado cada vez, porque se fizer até o fim do ano era a mesma coisa que fazer só nos últimos três meses”, disse, prevendo que as vendas seriam postergadas para o final do prazo.

 

Bernardo criticou a oposição pelas resistências à Reforma Tributária. Para ele, perdeu-se a oportunidade de sinalizar positivamente ao setor produtivo. “Sinaliza que vai continuar a guerra fiscal e essa barafunda de legislações em cada Estado”, disse. Para o ministro, a reforma virou um problema partidário, já que os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) foram contra a proposta.