O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse hoje que o crescimento da economia em 2011 deverá ficar mesmo entre 3% e 3,5%, abaixo do esperado pelo governo, em função do agravamento da crise internacional. Segundo ele, há pouco a fazer em relação ao crescimento deste ano, que tem menos de dois meses para acabar. Coutinho disse que o Brasil não deve ficar preso ao calendário.
“O que vale é a perspectiva de futuro. Temos a convicção de que o Brasil pode voltar a crescer mais em 2012, 2013, 2014”, afirmou. Em entrevista após discursar em seminário da Fundação Ford realizado na sede do BNDES, Coutinho reconheceu que o cenário internacional agravado pelo impasse na Europa provocou uma desaceleração na economia brasileira, sobretudo no investimento, além do programado pelo governo.
No entanto, ele afirmou que o País manteve alavancas importantes do crescimento, como os investimentos em infraestrutura e na cadeia de petróleo, além do incentivo aos projetos privados e ao mercado de capitais.
Coutinho afirmou que ainda é cedo para avaliar mudanças na política de moderação dos desembolsos do BNDES, até porque a natureza da crise atual é diversa da desencadeada nos Estados Unidos em 2008, que provocou um colapso das estruturas de crédito e forçou o banco de fomento a suprir essa demanda internamente.
“A situação agora é outra e isso nos dá a oportunidade de uma estratégia diferente”, disse Coutinho. “Pode haver uma desaceleração no curto prazo, mas ninguém está colocando plano de investimentos na gaveta. Ao contrário, o que tenho sentido são sinais de confiança na economia brasileira no longo prazo.”
Para o presidente do BNDES, o País precisa priorizar a formação de poupança interna para financiar investimentos. Além disso, segundo ele, o Brasil tem condições de manter uma política fiscal de relativa contenção, que ajude na redução do déficit fiscal e na tendência de queda na trajetória das taxas de juros no longo prazo.
Câmbio
Coutinho acrescentou que o Brasil precisa continuar atento para moderar a valorização do real, principalmente diante dos sinais de recessão na Europa. Para ele, medidas do Banco Central Europeu podem levar o governo a reforçar medidas para conter pressões sobre o câmbio no Brasil.
“Dificilmente a Europa escapará de uma expansão monetária. Como o Brasil é um dos poucos países com autonomia para sustentar o crescimento, a atração de investimentos continuará elevada”, afirmou.